Presentes em praticamente cada esquina das ruas de Belém, os tradicionais carros de venda de comidas típicas do Pará passam por dificuldades. O motivo se deve às constantes altas dos preços dos produtos usados no preparo destes alimentos, como o litro do tucupi usado no tacacá, da maniva para a maniçoba assim como as proteínas usadas no processo, camarão, entre outros. Para piorar, o gás de cozinha e energia elétrica são os que mais têm pesado no bolso dos vendedores.
Essa situação é vivida no Tacacá da Vileta, localizado na avenida Duque de Caxias, esquina com a travessa Vileta, no bairro do Marco, em Belém. Aberto todos os dias da semana, das 11h às 22h30, o estabelecimento que existe há mais de 30 anos encara como sorte o fato das vendas não caírem. “Tudo aumentou, o camarão, jambu, maniva. O tucupi também aumentou, mas temos sorte porque nós mesmos produzimos o nosso. Mas, apesar desses aumentos ainda temos boas vendas, porque o paraense adora a comida regional”, diz Renata Nascimento, proprietária.
No Tacacá do Nilson, que fica na rua Roso Danin, esquina com a rua Francisco Monteiro, em Canudos, o aumento também é sentido em todos os pratos regionais vendidos no local. “O preço do quilo do bucho, que é miúdo do boi, custa R $20, o litro do tucupi está custando R $8, ainda bem que tenho um fornecedor que me vende a esse preço, senão seria mais caro. Enfim, é uma situação de aumento que complica muito, mas não podemos desistir porque é um negócio que já tenho minha clientela fiel”, declara Nilson Mendes, proprietário. “As vendas aumentam nesse período, aparecem turistas que querem experimentar os pratos regionais, mas proporcional a isso tem os aumentos que todos anos acontecem durante o Círio. Mas, essa é uma realidade desse período, então seguimos firmes”, completa Nilson.
Gás
O uso do botijão de gás, cada vez mais caro, se tornou a maior dor de cabeça dos pequenos negócios. “O gás tem sido um grande problema também, ainda mais aqui que compro três botijões de gás por semana ao preço de R $110 cada. Sem falar o custo com aluguel, energia elétrica acima de mil reais e mais os funcionários”, calcula Renata Nascimento. Diante dessas dificuldades, a solução seria aumentar o preço dos pratos, mas eles entendem que essa decisão poderia significar a perda de clientes.
“A gente não pode reajustar o preço dos pratos, porque senão vai reduzir o número de clientes, aí as vendas caem. Para se ter uma ideia, em 2017 as minhas porções de tacacá, caruru e vatapá custavam R$12, mas atualmente custam R $15, um aumento de apenas 3 reais em quatro anos. Sentimos esses aumentos, mas o freguês não pode ser lesado por isso, são riscos que quem empreende nisso costuma enfrentar”, conclui Nilson.
Preço do tucupi pode chegar a R$ 25
Os ingredientes do cardápio do Círio estão cada vez mais caros, entre estes, o tucupi em garrafas de 1 e 2 litros, segundo pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese-PA). O levantamento foi feito nas feiras livres e supermercados de Belém, entre os dias 11 a 16 de setembro.
De acordo com o Dieese-PA, a feira do Ver-O-Peso é o local onde o tucupi possui o melhor preço, com a variação entre R$ 6 a R$ 10, envasado em garrafas pet de 2 litros, e R$ 3 encontrados em recipientes de apenas 1 litro. Já nas feiras do Entroncamento, Guamá, Jurunas, Pedreira, São Brás, Telégrafo e Terra Firme o produto é comercializado em recipientes de 2 litros no valor entre R $5, 00 a R $12,00. Já na feira da 25 de setembro, que também foi pesquisada, o preço do tucupi em garrafa pet de 2 litros está em média R$ 10.
Já nos supermercados da capital, o produto sofreu o reajuste que fez com que o preço médio do litro varie entre R$ 5,60 a R$ 9,98, enquanto que os engarrafados em 2 litros são vendidos entre R$ 11,90 a R$ 18,48. A pesquisa do Dieese-PA também incluiu o tucupi orgânico e encontrou os preços praticados que variam entre R $23,20 a R $24,88.
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