Até a última segunda-feira (11), o estado do Pará seguia sem nenhum caso confirmado da Doença de Haff, também conhecida como “doença da urina preta”. De acordo com informações da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa), por meio do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS), no momento, estão sendo investigados 22 casos suspeitos da síndrome, sendo dois em Belém, três em Juruti, dois em Almeirim, dois em Afuá, dois em Breves, um em Trairão e dez em Santarém, onde um paciente morreu com suspeita da doença.
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Por meio de nota, a Sespa ainda informou que os exames sanguíneos e de urina dos casos suspeitos foram encaminhados por meio do Laboratório Central do Estado do Pará (Lacen) para um laboratório de referência em algas e toxinas nocivas à saúde humana, em Santa Catarina, por isso o resultado não depende da Secretaria, e que até o momento não há previsão. No entanto, a Sespa salientou que o tratamento do paciente não depende do resultado desse exame, tampouco as ações que devem ser adotadas pelos municípios de notificação e monitoramento, bem como ações de vigilância.
Na capital, a situação ainda preocupa quem trabalha com o pescado e o único momento em que as vendas impulsionaram foi com a proximidade do Círio de Nazaré. No Mercado de Peixe do Complexo do Ver-o-Peso, os comerciantes evitam falar sobre o assunto, já que os casos suspeitos impactaram negativamente as vendas. Para quem trabalha com refeições, o cenário permanece crítico. A boieira Fátima Ferreira, 54 anos, ressaltou que desde o anúncio da doença, as vendas começaram a cair. “Vendemos bastante somente com a chegada do Círio, pois tinham muitos turistas na cidade, pessoas que vieram de fora e queriam consumir peixe. E aqui só trabalhamos com a pescada, o filhote, a dourada e o pirarucu, que também saiu bastante. Depois disso, não sabemos como vai ficar”.
Quem também compartilhou da mesma opinião foi a boieira Eliza Silva, 46. Segundo ela, a festividade de Nossa Senhora de Nazaré deu para aquecer as vendas. “Antes da festa estavam muito baixas. Teve um dia que não vendemos nenhum prato com peixe, só carne. Mas melhorou com o Círio e muitos clientes também perguntavam quais os peixes que vendemos. Eles sempre demonstravam uma curiosidade. Pelo menos, até o momento, estamos conseguindo segurar as vendas”, contou.
Trabalhando com a tradicional refeição composta por peixe-frito com açaí, o boieiro Reginaldo Barbosa, 44, disse que houve uma queda nos pedidos desde as suspeitas dos casos no Estado. Contudo, alguns clientes que ainda querem consumir peixes costumam observar no cardápio os tipos que são vendidos. “Os clientes veem o cardápio e notam que não tem o tambaqui, então já ficam um pouco mais aliviados. Em relação ao camarão, vem poucas pessoas atrás do alimento e isso faz com as que vendas continuem ruins”, explicou. A principal suspeita é que a síndrome de Haff esteja relacionada a uma toxina que pode surgir em alguns pescados como o tambaqui, o badejo, a arabaiana ou crustáceos (lagosta, lagostim, camarão), caso não sejam acondicionados de maneira adequada. Especialistas reforçam que os peixes de cativeiro são seguros.
Caso suspeito
O primeiro caso suspeito da síndrome de Haff ou “doença da urina preta” surgiu no Pará, no dia 7 de setembro deste ano, quando um homem de 55 anos, que estava internado no Hospital Municipal de Santarém, no oeste do Pará, morreu com suspeita da doença.
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