A carne é o primeiro produto verticalizado pronto para consumo da pauta de exportações do Estado, sendo vital para a geração e emprego e renda no Pará. Em agosto, o Estado abateu cerca de 180 mil cabeças de gado, número que caiu para pouco mais de 100 mil em setembro, representando uma queda de quase 45%, ou seja, quase a metade da produção, impactando em toda a cadeia do alimento no Estado e, consequentemente, no Produto Interno Bruto (PIB) paraense.
Para se ter uma ideia do prejuízo, o Pará possui hoje o quarto rebanho do Brasil, com 22 milhões de cabeças de gado. Se considerarmos que cada cabeça de gado pesa 10 arrobas, o rebanho paraense totaliza 220 milhões de arrobas. “O preço da arroba estava custando em agosto R$ 295,00 e caiu hoje para R$ 265,00, em média, no Pará, representando um prejuízo de R$ 30,00 por arroba. Isso quer dizer que o PIB pecuário paraense, teve uma perda momentânea estimada da R$ 6,6 bilhões”, contabiliza Daniel Freire, presidente do Sindicato da Indústria da Carne no Estado do Pará.
Tudo começou após a confirmação, em agosto passado, de dois casos de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) atípica, doença vulgarmente conhecida como falsa “Vaca Louca”, nos Estados de Minas Gerais e Mato Grosso. “A partir de 3 de setembro as exportações de carne bovina brasileira foram canceladas, causando a queda drástica do abate bovino em todo o território nacional. A situação permanece a mesma mais de 45 dias depois”, diz, preocupado, Daniel Freire.
A China, maior destino das exportações de carne brasileira, ainda continua analisando os documentos encaminhados pelo Ministério da Agricultura para se certificar se realmente os dois casos da doença realmente foram atípicos. “É bom ressaltar que a Organização Internacional de Epizootias, de imediato, considerou o risco mínimo de surto da doença no Brasil e manteve o status sanitário do nosso país, mas os países exportadores ainda não retomaram as compras”.
PARALISAÇÃO
Freire lembra que o último caso de suspeita de “Vaca Louca” registrado no Brasil foi em 2019 e os países importadores demoraram apenas 13 dias para retomar o comércio. “Agora já caminhamos para 50 dias com o comércio internacional de carne paralisado. O resultado da redução quase pela metade do abate é desastroso, com plantas frigoríficas paradas e outras que fecharam as portas ou deram férias coletivas para seus empregados, além de ocasionar menos produto para o mercado interno”, contabiliza o presidente do Sindicato.
O setor está otimista para que o comércio internacional se normalize a qualquer momento já que, segundo Daniel Freire, não há qualquer moléstia que possa comprometer a qualidade sanitária da carne brasileira. “Uma moléstia atípica é como se fosse um Alzheimer num idoso. O caso da doença afetou uma vaca idosa de 17 anos no Mato Grosso e não comprometeu em nenhum momento nosso rebanho”, garante.
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