Apesar dos aperreios financeiros, Denilson Ferreira, 46, teve de desembolsar quase seis mil reais para suspender a calçada da casa onde mora, na Estrada do Guajará, no trecho que compreende o conjunto Uirapuru, no bairro do Icuí-Guajará, em Ananindeua. O motivo da obra foi para conter o alagamento da rua que invade o imóvel toda vez que chove. “A rua fica cheia. O nível da água chega a uma altura de quase 50 centímetros. É terrível”, descreveu o morador.
O pior de tudo é que ele não tinha reserva suficiente para arcar com os custos da nova calçada. Precisou emprestar e ainda falta pagar a mão de obra do pedreiro e do ajudante.
Denilson mora há 20 anos na comunidade. Faz parte do grupo dos primeiros moradores que se instalaram no conjunto residencial. “Esta rua tinha duas pistas e um canteiro central grande e largo. Hoje o mato tomou conta de uma das pistas e também do calçamento. A pista que sobrou está assim: cheiade buracos”, desabafou.
Segundo ele, o projeto inicial do residencial previa a circulação das linhas de ônibus “Icuí / Pres. Vargas” e “Icuí / Ver-o-Peso”, mas os coletivos nunca passaram pela rua. “Por aqui nem ambulância e nem viatura da polícia passa porque a situação é caótica. Essa rua já foi muito bonita, hoje é esse retrato de abandono”, lamentou o morador.
IPTU
Francisco Azevedo, 53, se mudou para o conjunto Uirapuru há 15 anos. Considera que o residencial nunca esteve tão carente de ações e projetos da prefeitura de Ananindeua como agora. “Várias pessoas da comunidade já tentaram tomar a frente para conseguir benfeitorias – pelo menos uma limpeza aqui na área. Soubemos até que a prefeitura contava com três milhões em recursos para ajeitar aqui, mas nunca vimos nenhuma ação”, reclamou.
“A última limpeza feita, foi de uma moradora que pagou pelo serviço”, completou. “Se você observar todas as casas possuem calçadas elevadas por aqui, justamente para que isso funcione como barreira para impedir que água entre nas casas. Isso aqui fica tudo alagado, vai para o fundo”, reforçou Francisco.
O carnê do Imposto Territorial Predial Urbano (IPTU) de 2022 já foi emitido pela prefeitura de Ananindeua em janeiro, mas quem mora no Icuí diz que não está tendo retorno da contribuição. “Os impostos são pagos, mas o cidadão não vê compensação”, frisou o morador.
Nas redes sociais da prefeitura de Ananindeua, as publicações indicam que obras ocorrem em várias localidades. Porém, nesta parte do Uirapuru não há filtro que esconda os entulhos nas ruas e os buracos na Estrada do Icuí.
O outro lado
Em nota enviada ao DIÁRIO, a Secretaria Municipal de Saneamento e Infraestrutura (Sesan) informa que irá programar o reparo do asfalto das ruas que estão com crateras causadas pelo intenso fluxo de carros, ônibus e motocicletas, com a equipe de tapa-buraco.
Sobre a rua do final da linha do Icuí, a Sesan ressalta que irá asfaltar ainda este ano toda a rua, além de sinalizar e substituir as luminárias a vapor por LED. A Secretaria Municipal de Urbanismo informou que enviará equipe técnica para levantar as demandas para a imediata remoção do lixo acumulado e do mato no local.
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