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 Dia do Orgulho LGBTQIA+: lutas e barreiras para vencer

Desde o levante ocorrido em Nova York, em 1969, até os dias de hoje, muitas foram as lutas do movimento, com vitórias importantes e batalhas ainda por se vencer

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Imagem ilustrativa da notícia  Dia do Orgulho LGBTQIA+: lutas e barreiras para vencer camera O empresário Fernando Araújo viu muitas portas se fecharem até conseguir tirar do papel seu sonho de empreender. | Wagner Almeida/Diário do Pará

Hoje, 28 de junho, é celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+. A data marca a luta da comunidade na busca por direitos e respeito, perante um mundo bastante desigual em várias de suas vertentes. O dia também relembra o histórico episódio ocorrido em 1969, no bar Stonewall Inn, na cidade de Nova York, nos Estados Unidos. Conhecido como ponto de encontro de gays, lésbicas, transexuais e travestis, o espaço viveu noites de conflitos até que um levante dos frequentadores colocou fim às constantes ações agressivas de policiais.

Mesmo após anos desse fato, que resultou na primeira Parada do Orgulho, em 1970, a celebração da data ainda é marcada pelas memórias de violência cometidas contra a comunidade. Porém, o Dia do Orgulho LGBTQIA+ também serve para mostrar a força que seus membros possuem na incansável busca por uma vida igualitária, sem qualquer preconceito sobre suas formas de ser e amar, conscientizando ainda a sociedade sobre a importância de combater os discursos de ódio e a LGBTFobia.

Ativista dos direitos humanos, Bárbara Pastana, mulher trans, negra e mãe solo, conta que a sua luta pelos direitos da comunidade LGBTQIA+ começou há duas décadas. “A gente sempre fala que é muito importante lutar por direitos, mas quais são esses direitos? Hoje, a luta do movimento é buscar justamente o direito para a população, trabalhando os direitos humanos. Porque a população LGBTQIA+ é isso! Transitamos em todos esses setores. Nós somos negros, negras, somos mulheres, homens, crianças, jovens, somos PCDs, povos de terreiro. Nós somos uma diversidade de povo”, lembra.

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Bárbara afirma que as conquistas do movimento ao longo da história foram grandes, mas que muito ainda precisa ser feito. “Avançamos muito, sabemos disso. Só que precisamos avançar mais, a sociedade brasileira e paraense tem uma dívida histórica com esta população. Essas conquistas ampliaram os horizontes da nossa luta, mas não podemos fechar os olhos. Com os avanços, vieram também muitos preconceitos. Ainda vivemos em um país que mais mata LGBTs no mundo, sendo que é o país que também tem muitas garantias de direito. Então, é necessário começar a trabalhar essa política de segurança”, diz a ativista.

PRECONCEITO

O preconceito vivido pela comunidade por muito tempo, também tirou de alguns de seus membros grandes oportunidades no mercado de trabalho. Por isso, a empregabilidade, o acesso à educação e à formação, também é uma das pautas discutidas nos dias atuais. Na tentativa de reparar esses erros, vários projetos foram crescendo e apoiando os membros da comunidade LGBTQIA+ que, muitas vezes, ainda necessita de auxílio para começar a construção de uma carreira profissional.

Um desses projetos é a “Reprograma”, fundada em 2016 pela peruana Mariel Milk e suas sócias Fernanda Faria e Carla de Bona, que tem como missão diminuir a lacuna de gênero no setor de tecnologia por meio da educação e levar maior diversidade ao setor. Oferecendo capacitação em programação para mulheres em situações de vulnerabilidade social, econômica e de gênero, priorizando mulheres negras, mulheres trans e travestis. A iniciativa já impactou entre 2016 e 2021, cerca de 6.000 mil mulheres, desse total, 4% se autodeclararam mulheres trans.

“No geral, as formandas saem dos nossos cursos prontas para ingressar no mercado de trabalho e, com isso, muitas delas, desempregadas, conseguem trabalho em até 6 meses após a formação. Portanto, o sentimento delas é de gratidão e, talvez por isso, muitas delas retornam a ‘Reprograma’ como professoras ou monitoras, objetivando ensinar novas meninas”, contou a gerente de Comunidades e RP do projeto Reprograma, Cléo Almeida.

“A experiência de aprender somente com mulheres mudou muito minha perspectiva de vida, das possibilidades que existiam para mim, enquanto uma travesti periférica do interior do Nordeste. Pude desfazer tantas barreiras que construí ao longo da vida em ambientes onde eu não tinha voz. Conhecer tantas professoras, monitoras, alunas e tantas outras mulheres e travestis incríveis dedicando tempo e energia para construir uma realidade diferente para todas nós me resgatou de um lugar de desesperança”, afirma a ex-aluna, Lilit Bandeira.

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