Painel solar em casa: veja quais as vantagens e os valores

Um objeto saliente nos telhados de algumas casas em Belém tem chamado atenção dos mais atentos. De tamanhos variados, com estrutura semelhante a uma telha mais larga, de tons azulados e com largos fios, modifica a paisagem urbana, seja nos centros ou nas periferias da capital, o que não deixa negar: a energia solar já faz parte da nossa realidade.

“Nossa” porque se trata de uma tecnologia cada vez mais acessível na região. Apesar de existir há anos, o boom das instalações dos painéis fotovoltaicos começou recentemente. O principal motivo é o benefício que o consumidor tem diante da possibilidade de abater até 90% do próprio consumo de energia, justificando a intensa procura.

— Há nove anos que a gente trabalha com a energia solar. Nós somos, praticamente, pioneiros aqui. A tecnologia já existia há muito tempo, mas essa procura que vemos hoje, especialmente em Belém, começou há três ou quatro anos — avalia João Sepe, dono da Agnew Solar, uma empresa de engenharia elétrica que existe há 12 anos, mas que há nove anos atua no ramo.

No mais recente levantamento realizado pelo “Meu Financiamento Solar”, considerada uma das maiores fintechs do segmento, com base nos dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), 77,7% das placas fotovoltaicas estão em residências; 12,3% em comércios; e 7,7% no setor rural. Números expressivos que fizeram com que o Brasil atingisse o marco histórico de 1 milhão de pequenas usinas de energia solar instaladas em telhados, fachadas e terrenos.

— Qualquer pessoa pode ter [um painel solar], independente do segmento, tanto na área residencial, comercial ou industrial. Vale a pena instalar porque você vai ter uma economia muito grande — diz o empresário, confiante e com razão. A alta na conta de luz nos últimos meses foi notável, tendo em vista os reajustes realizados pela Aneel que chegaram a quase 25%, reduzindo ou até anulando o efeito da mudança para a bandeira verde.

Tentando economizar

Em meio a esse malabarismo está o consumidor que luta contra esses aumentos e tenta cortar os gastos, como é o caso de Rosilda Maia, uma servidora temporária, de 48 anos, que instalou painéis solares em sua residência depois de ter gastado todas as alternativas para tentar economizar. Ela, o marido e o filho, que moram nos altos da casa e com uma outra unidade consumidora, chegavam a pagar quase exaustivos mil reais na conta de energia.

Rosilda leva uma rotina intensa de trabalho, assim como o marido e o filho. Os três pouco param em casa, o que não justificava a alta na conta de energia. Várias foram as vezes que requisitou os serviços da concessionária de energia que atua no Estado do para repassar os valores e sempre era respondida com um “está tudo certo”. Em 2016, trocou toda a fiação da casa onde mora há 32 anos no bairro do Guamá, mesmo assim o aumento persistia.

Ao ter conhecimento sobre a energia renovável, estudou o que pôde a respeito. O contato direto aconteceu há pouco mais de um ano quando viu um instalador realizar o serviço em um mercadinho próximo à feira do bairro.

— Eu perguntei para o rapaz, que estava instalando o aparelho, como funcionava. Pedi para ele vir aqui em casa. Ele me pediu um comprovante de consumo e fez uma simulação de quanto a gente gasta e de quantas placas vão ser necessárias. Tendo como base quanto eu e meu filho pagávamos em energia, era vantajoso.

Rosilda entrou em um financiamento voltado para a aquisição de painéis fotovoltaicos e hoje se concentra em pagar, junto com os demais integrantes da casa, apenas esse valor. O pagamento começou depois de seis meses de contratação. Tudo o que vem na fatura da concessionária de energia tem sido abatido pelas placas.

— A gente trabalha tanto. Deveríamos ter um conforto, pelo menos, na hora de dormir. Eu penso que isso não deveria ser luxo. Da forma como a gente vive, com essa rotina estressante, a gente tem que ter qualidade de vida, uma boa cama e um bom ar-condicionado. Eu acho que é justo — pondera.

Vale o investimento?

Qualquer pessoa pode ter um painel solar em casa? Sim, qualquer pessoa. Adquirir um sistema fotovoltaico exige, contudo, uma avaliação profissional do local onde ele será instalado e se o consumo do morador justifica o investimento no aparelho.

Essas observações são feitas pela própria empresa certificada no primeiro contato. Posteriormente, o cliente deve ter em mente se o sistema dará o retorno esperado e se será necessária uma intervenção na estrutura da residência.

Como se trata de um grande investimento, o consumidor precisa ter atenção antes de contratar o serviço. Considere o histórico de vendas da empresa, registro atualizado no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Pará (Crea) e o quadro de funcionários. Se tem dúvidas, pergunte! Aproveite o primeiro contato para saber sobre funcionamento das placas, garantias, serviços que estão inclusos na compra, valores no papel de energia, entre outros.

Rosilda, por exemplo, ficou descontente com o pós-venda da empresa contratada. Mesmo tendo se dedicado aos estudos sobre a tecnologia antes de fazer uso em casa, sentiu falta da mesma atenção recebida no início. Percebeu também uma inconsistência na empresa quando era preciso discutir valores, além da pouca informação sobre funcionamento e limpeza das placas ou do acompanhamento do consumo depois que instaladas.

Apesar disso, questionada se ter a tecnologia em sua casa valeu cada centavo, ela não pensou duas vezes em responder “sim”. Deixando de lado a insatisfação com a empresa contratada (a falta de comprometimento com o cliente no pós-venda), a moradora pontua que o investimento da placa solar em casa trouxe para ela e sua família uma economia significativa.

— Considerando o que eu e meu filho pagávamos, se eu colocar na ponta do lápis, porque eu ainda não tive tempo de ver isso, eu acho que foi uma redução de quase 95% — completa.

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