O preço do açaí consumido pelos paraenses continuou estável até a última semana deste mês, em comparação à pesquisa feita em maio, pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos no Pará (Dieese/Pa). Na época, o órgão registrou que o litro do produto, tipo médio, em vários pontos de Belém, foi vendido entre R$ 12 e R$ 18. Em julho, os valores se mantiveram ou sofreram pouco recuou.

Os trabalhadores do ramo afirmam que um dos principais motivos do açaí ainda estar bem acima do valor de comercialização registrado há alguns anos é a questão da exportação.

Luiz Andrade, 36, vende açaí na Feira da 25, bairro do Marco, há 20 anos. Segundo ele, esse é um período em que o valor do litro costuma baixar bastante. “A safra começa neste período de verão, mas também temos a questão do fornecimento pelos apanhadores. Muitos não trabalham no final de semana, por exemplo, e acaba que nas feiras de distribuição gera certa concorrência, deixando a “rasa” bem mais cara”, contou.

O batedor lembra ainda que, atualmente, já conseguiu encontrar a “rasa” a R$ 160, valor acessível em comparação a outros períodos em que chega até a R$ 200. “O que a gente precisa destacar também é a questão da consciência do cliente. Às vezes, você até encontra um valor melhor, mas e a qualidade? Isso é algo a se pensar na hora desse consumo, não é? Eu prefiro oferecer um produto a um valor justo de custos, mas com qualidade”, disse Luiz, que consegue comercializar o litro do açaí médio a R$ 20.

SEGURANÇA

O aposentado Aldo de Sá, 71, que costuma tomar açaí todas as quintas-feiras, disse que realmente percebeu um recuo no preço, mas lembra que, independente do valor, o consumidor merece algo justo e de qualidade. “Não adianta a gente comprar algo barato, mas ruim. Eu, por exemplo, já tenho confiança nesse ponto e sei da qualidade do que vendem aqui. Eu acredito sim que deveria ser um valor menor porque estamos em uma região produtora de açaí, e não faz muito sentido ser tão caro”, opinou.

No bairro do Jurunas, um dos mais populosos da cidade, a reportagem do DIÁRIO notou uma variação de valores bem maior. Lá é possível encontrar o açaí popular vendido entre R$ 10 e R$ 18. “Para mim, não existe mais esse período de safra. Nosso açaí vive em uma constante oscilação de preço devido a vários fatores. Tem dias em que a “rasa” custa R$ 30, mas logo no dia seguinte já está o dobro ou bem mais cara. É bem complicado afirmar que tivemos de fato uma redução no valor do litro”, diz a batedora Gisele Mendes, 52.

Glaucia de Jesus, 37, que trabalha com açaí desde 2017, também acredita que a safra deste ano não será tão boa. “A gente faz o que pode para manter a qualidade ao consumidor, mas também não podemos ficar com todas as despesas. Estamos começando um período de safra, mas não há como dizer se o preço vai cair. Acredito que com sorte, vamos ter aí o litro do popular até a R$ 8, mas isso depende muito de como será o preço de repasse dos fornecedores das regiões das ilhas, de onde vem o melhor açaí.”

O menor valor do litro do açaí médio foi encontrado nos bairros do Jurunas e Guamá, ambos com variação de R$ 10 a R$ 18. Já no Marco, o consumidor ainda precisa desembolsar entre R$ 20 e R$ 22. Na feira da Cremação, por exemplo, o litro do açaí popular é vendido em média a R$ 12.

Há 20 anos que Luiz Andrade trabalha com açaí na Feira da 25. Ele garante que preza pela higiene. Foto: Irene Almeida / Diário do Pará

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