A exatos dois meses para o Círio de Nazaré, os devotos da padroeira dos paraenses já vivem a expectativa da maior manifestação católica do Brasil. A emoção aumenta ainda mais, uma vez que a edição 230 da festividade, que este ano será no dia 9 de outubro, retoma aos moldes tradicionais, após dois anos de restrições devido à pandemia de Covid-19. As ruas da cidade que compõem o trajeto da procissão mariana devem receber mais de dois milhões de fiéis não apenas do Pará, mas de várias partes do Brasil e do mundo.

O devoto Sérgio Martins, 62, já está em contagem regressiva para o segundo domingo de outubro, uma vez que ele acompanha o Círio de Nazaré desde criança junto com os pais. A maneira de conter a ansiedade é frequentar, quase todos os dias, a Basílica Santuário. “É lá que se encerra a procissão do Círio, que todos os caminhos que a berlinda com a imagem passa nos trazem para esse belo templo. Não tem como não imaginar o Círio vindo aqui, por isso que frequento a maioria das missas”, afirmou.

Já para o instrutor de artes marciais Eimar Neto, que também é devoto da padroeira, a expectativa pelo Círio deste ano é mais do que especial, uma vez que pretende pagar promessa pela cura do pai, que está internado em estado grave. “Sempre encarei o Círio como especial, mas este ano vai ser mais ainda. Meu pai, que tem 89 anos, está com um problema grave no pâncreas e apenas um milagre pode salvar ele. É na fé em Nazinha que confio na recuperação dele, por isso, irei pagar uma promessa para ele, talvez na corda ou outra forma de pagar.”

A expectativa pela realização do Círio de Nazaré deste ano se deve aos dois anos em que as procissões da maior manifestação católica do Brasil não foram realizadas. Agora, com a pandemia controlada, sobretudo com a maioria da população vacinada contra o vírus, a emoção de estar presente contagia até quem não é de Belém, o que deve resultar em mais de dois milhões de pessoas nas ruas no segundo domingo de outubro, dia da procissão.

De visita na Basílica Santuário, a amapaense Ana Flávia, 23, se enquadra nesse contexto e planeja voltar em outubro a Belém para acompanhar o Círio pela primeira vez. “Estou de férias em Belém e mesmo sendo agosto, já vejo que as pessoas já estão no clima do Círio. Irei voltar em outubro, quero acompanhar não apenas esse clima, mas quero participar da procissão. Já participei do Círio de Macapá, mas sei que não se compara ao de Belém, que sei que as pessoas estão mais ansiosas de participar porque voltou a ser realizado com a procissão”, adiantou.

ECONOMIA

Esse clima que indica a expectativa da retomada do Círio de Nazaré com os devotos nas ruas é confirmado pelos estabelecimentos que comercializam produtos da festa. Na loja que funciona ao lado da Basílica, por exemplo, os funcionários afirmaram que a empolgação dos fiéis pela festividade se intensificou desde o lançamento do cartaz oficial, no dia 29 de maio, que promete aumentar no final de setembro e no mês de outubro, quando começam os eventos oficiais.

Mas, o Círio de Nazaré não se limita apenas às procissões religiosas, mas inclui interação familiar com o famoso almoço do Círio, que também está inserido nas expectativas dos devotos da festa. “No Círio recebemos parentes de outras cidades em casa, para acompanhar a procissão, mas também para confraternizar a fé em Maria em família, o que não foi possível nos dois últimos anos. Mas, este ano não, tudo está sendo organizado, estamos até comprando a maniçoba, o pato, tucupi para fazermos o tradicional almoço, que simboliza muito esse momento”, disse Jânio Lima, 44, empresário.

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