O uso da energia elétrica como fonte para veículos, bicicletas e patinetes já é uma realidade que tende a se expandir diante da necessidade de utilização de fontes renováveis. Mas quando se trata da aviação, o caminho a ser percorrido para que se diminua os impactos ambientais deste tipo de transporte deve ser o mesmo?

Doutora em engenharia mecânica e professora da Universidade Federal do Pará (UFPA), Ana Paula Mattos destaca que a discussão acerca do desenvolvimento e uso de tecnologias mais sustentável também já chegou à indústria da aviação, com muitos estudos sendo desenvolvidos, sobretudo, no que se refere ao uso de biocombustíveis. “O voo comercial, atualmente, responde por cerca de 2% de todas as emissões de dióxido de carbono e cerca de 12% de todas as emissões de transporte, de acordo com o Air Transport Action Group. Cerca de 80% das emissões da aviação são emitidas por voos de mais de 1.500 quilômetros, para os quais não há meio de transporte alternativo prático”, contextualiza.

Ana Paula Mattos diz que há vários estudos para mudança no consumo de combustíveis para aviação.
📷 Ana Paula Mattos diz que há vários estudos para mudança no consumo de combustíveis para aviação. |Reprodução

Na tentativa de reduzir tais impactos, a professora aponta que o etanol vem sendo estudado no Brasil há pelo menos 10 anos para ser um combustível na aviação, de maneira dual fuel, o que já diminuiria significamente as emissões de CO2 advindo de petróleo e poluentes. Entretanto, também existem estudos em querosenes artificiais. No caso do uso de energia elétrica pelas aeronaves, a professora destaca que o desafio é ainda maior, principalmente quando se trata de longas distâncias. “A medida é a mais recente em uma crescente corrida global para desenvolver aviões elétricos. O National Renewable Energy Laboratory estima que 170 projetos em todo o mundo estão focados nesses aviões – o dobro do número em andamento em 2018”, cita Ana Paula Mattos. “Um relatório do NREL – um dos laboratórios que atende o Departamento de Energia – prevê que o mercado pode ver “forte crescimento a partir de 2028”, quando as primeiras aeronaves elétricas de 50 a 70 assentos devem aparecer”.

Neste contexto, a professora aponta que a Boeing Co. está trabalhando com a General Electric Aviation e a NASA na modificação de uma aeronave convencional com motores turboélice elétricos para transportar entre 30 e 36 passageiros. Entretanto, ela acredita que outras formas de combustíveis sustentável devam avançar mais rapidamente.

“Acredito que a utilização de biocombustíveis na aviação avance de maneira bem mais rápida e segura do que os elétricos, pela autonomia e quantidade de passageiros e distâncias percorridas”, avalia, ao considerar alguns desafios. “Assim como em qualquer setor, a disponibilidade, segurança e desempenho dos combustíveis alternativos para substituição parcial ou total de um combustível fóssil é um desafio. Além de tudo, o custo e a utilização das mesmas tecnologias sem muitas alterações no projeto do motor são levados em conta”.

Estudos mostram que aviação também pode ter energia limpa
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