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Eleições 2022: população quer proteção ambiental na Amazônia

Segundo pesquisa, 81% da população entendem que a Amazônia deve ser prioridade para oscandidatos e que o governo federal permanece omisso aos crimes cometidos contra a floresta

Imagem ilustrativa da notícia Eleições 2022: população quer proteção ambiental na Amazônia camera Levantamento mostra que 65% dos entrevistados entendem que o governo federal não combate crimes na região, como a grilagem e o tráfico. | (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Desde o ano passado, pesquisas de opinião realizadas entre os brasileiros já identificavam que a proteção da floresta amazônica seria decisiva para o eleitor escolher o novo presidente da República. Faltando 49 dias para as Eleições 2022, pesquisa encomendada pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS) ao PoderData mostra que 81% dos eleitores brasileiros querem respostas dos candidatos sobre a proteção da Amazônia.

O enfrentamento ao crime organizado na região precisa estar nos planos dos candidatos a presidente da República, segundo atestam oito em cada dez eleitores.

O Instituto Clima e Sociedade é uma organização filantrópica que apoia projetos e instituições que visam o fortalecimento da economia brasileira e do posicionamento geopolítico do país, além da redução da desigualdade por meio do enfrentamento das mudanças climáticas e soluções sustentáveis. A pesquisa foi realizada entre os dias 28 e 30 de julho. Foram feitas 3.000 entrevistas em 312 cidades das 27 unidades da federação. A margem de erro é de 3 pontos percentuais.

De acordo com a pesquisa, a maioria dos entrevistados espera do próximo presidente da República, medidas urgentes de combate à violência na região, onde o avanço do crime organizado segue desordenado e sem que o governo federal anuncie campanhas efetivas de combate a essas invasões.

Para 65% das pessoas ouvidas pelo levantamento, o governo federal não está trabalhando para combater a grilagem, o tráfico de drogas, a exploração ilegal de madeira e outros crimes na Amazônia. Só 17% acham que o presidente Jair Bolsonaro trabalha para conter as práticas criminosas.

Quem atesta o desordenado avanço do crime organizado na Amazônia é o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), referência no Brasil para assuntos relacionados à segurança. De acordo com o Fórum, a presença do crime organizado na região cresceu em ritmo bem superior à média do país. As perguntas sobre violência foram incluídas na série de pesquisas após os assassinatos do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira, que tiveram repercussão mundial.

O tráfico de drogas foi apontado por 39% dos eleitores entrevistados pelo PoderData como o crime que mais prejudica a floresta e suas populações. Em seguida aparecem a grilagem de terras, com 17%, e o garimpo ilegal, com 13%. A corrupção (9%), a exploração ilegal de madeira (8%) e o tráfico de animais (4%) também foram destacados.

A pior avaliação do desempenho do governo no combate à violência na Amazônia foi detectada exatamente nos estados da região Norte: 69% disseram que o governo não está trabalhando para combater crimes na região, contra apenas 9% de avaliação positiva.

Para o sociólogo Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a percepção da maioria, especialmente dos moradores da Amazônia, é de que o Estado brasileiro está sem o controle da região, sem conseguir controlar a criminalidade. “A população sente na pele”, ressalta.

Sérgio de Lima informa que a violência letal da Amazônia foi 38% superior às demais regiões. “São mais de 20 organizações criminosas regionais e duas nacionais disputando as rotas de armas e drogas”, destaca Renato. “Qualquer projeto de desenvolvimento para a Amazônia deve considerar a necessidade de recuperar os territórios das mãos das facções e milícias, prevenir a violência e enfrentar o crime, o que, para a população, não está sendo feito pelo governo. Assim, não há investimento socioambiental que dê conta”, acrescenta.

Proteção da floresta

A pesquisa detectou também um aumento dos que querem ver a proteção da Amazônia entre as prioridades dos candidatos ao Palácio do Planalto. No levantamento anterior, de 3 a 5 de junho, o índice era de 76%, e agora chegou a 81%. A maior parcela, 49%, considerou ruim ou péssima a atuação do governo federal na proteção da Floresta, um ponto percentual a mais do que na pesquisa anterior. O índice dos que consideram essa atuação ótima ou boa caiu de 19% para 15%. Na Região Norte, o governo tem o menor índice de ótimo e bom na proteção da floresta, apenas 7%, e o maior índice de ruim e péssimo: 45%.

Cresceu também, em relação à pesquisa anterior, o índice dos que acham a preservação da floresta “muito importante” para a imagem do Brasil no exterior: de 41% para 44%. Foram de 25% para 29% os que consideram “mais ou menos importante”. O “pouco importante” se manteve em 12%, e o “não tem importância” oscilou de 9% para 8%.

O eleitor também foi consultado sobre a relação entre a preservação da floresta e a questão da fome no Brasil: 62% acham que a proteção da floresta pode ter um impacto positivo no combate à fome, enquanto 15% consideram que essa proteção impacta negativamente.

A maioria dos entrevistados, 65%, considerou que a proteção da Amazônia é importante para o desenvolvimento econômico do Brasil, contra 19% que não a consideram importante. Três pensamentos foram apresentados aos entrevistados. O mais votado, por 64%, diz que “o desenvolvimento do Brasil depende da proteção da Amazônia”. Em seguida, com 21%, aparece a frase “para o Brasil se desenvolver, proteger a Amazônia não é uma prioridade”. A menos cotada, com 5% das respostas, diz que “o Brasil consegue se desenvolver mesmo sem proteger a Amazônia”.

Para Marilene Corrêa, doutora em Ciências Sociais pela Unicamp e coordenadora do Laboratório de Estudos Interdisciplinares da Amazônia na Universidade Federal do Amazonas, a pesquisa enterra a ilusão de que a região poderia copiar os modelos de industrialização, urbanização e agricultura intensiva de outras regiões do país. “Esses modelos fracassaram aqui na Amazônia por incompreensão da relação entre natureza e cultura. As cidades se tornaram precárias, e a transformação da floresta em pasto não gerou empregabilidade. Esses modelos fracassados ampliaram a agressão aos povos da Amazônia, as principais vítimas da desigualdade e da violência”, diz Marilene.

“Todos sabem que pecuária, garimpo, soja, contaminação dos rios, tudo isso agride e não se torna fonte de desenvolvimento. Após tantas frustrações, a proteção da Floresta precisa se impor à agenda do desenvolvimento, com aproveitamento inteligente dos recursos naturais”, diz Marilene. Ela também ressalta a preocupação com o crescimento do crime. O modelo predador e a falta de mecanismos de comando e controle, segundo ela, “estimularam as forças primitivas de acumulação de riqueza, que não usam a tecnologia nem a sabedoria tradicional, só a força para saquear e matar.”

A região passou por várias ondas de violência contra as populações, lembra a pesquisadora, e agora vive a onda do narcotráfico e do crime enraizado no garimpo e na extração de madeira. “A Amazônia poderia ser um enorme laboratório de desenvolvimento sustentável, com três grandes focos de riqueza: água, floresta e alimentos. Temos muitos peixes e fontes inesgotáveis de riquezas como fungos, enzimas, extratos à espera de programas científicos de longo alcance que movimentem a bioeconomia, a bioindústria e a biotecnologia.”

Pesquisa

65% das pessoas ouvidas pelo levantamento, o governo federal não está trabalhando para combater a grilagem

17% acham que o presidente Jair Bolsonaro trabalha para conter as práticas criminosas.

poderdata

- Período: 28 a 30 de julho de 2022

- Universo: Brasileiros com 16 anos deidade ou mais

- Número de entrevistas: 3 mil em 312 municípios nas 27 unidades da Federação

- Margem de erro estimada: +/- 2 p.p. para resultados do total da amostra. Intervalo de confiança de 95%

"Esses modelos fracassaram aqui na Amazônia por incompreensão da relação entre natureza e cultura. As cidades se tornaram precárias, e a transformação da floresta em pasto não gerou empregabilidade. Esses modelos fracassados ampliaram a agressão aos povos da Amazônia, as principais vítimas da desigualdade e da violência”. Marilene Corrêa, doutora em Ciências Sociais pela Unicamp e coordenadora do Laboratório de Estudos Interdisciplinares da Amazônia na Universidade Federal do Amazonas

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