Depois de ter iniciado suas atividades em um casarão alugado na rua dos Mundurucus e passado pelo prédio próprio da rua Gaspar Viana, a redação do DIÁRIO migrou, no início dos anos 2000, para o prédio de frente para o histórico Bosque Rodrigues Alves, no bairro do Marco. Mais do que o ponto de partida para os trabalhos desenvolvidos diariamente pela equipe do jornal, o prédio já faz parte do cenário do bairro, sobretudo pela presença torre da RBA, avistada de diferentes ângulos da cidade.
Para que chegasse à atual configuração, o bairro que hoje abriga a redação do DIÁRIO passou por uma série de mudanças que estão relacionadas ao próprio histórico de ocupação da cidade de Belém. O que hoje é o bairro do Marco, ainda no século XIX era chamado de Marco da Légua, já que ali se encontrava o limite da Primeira Légua Patrimonial de Belém, extensão de terra que foi concedida pela corte portuguesa à Câmara Municipal de Belém ainda na primeira metade do século XVII. Para demarcar esse limite, inclusive, se construiu um marco na antiga Estrada Real, que depois passou a se chamar Estrada de Bragança, depois Tito Franco e, finalmente, a atual avenida Almirante Barroso.
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Apesar de toda essa extensão de terra que compreendia a Primeira Légua Patrimonial ter sido doada ainda no século XVII, essa área só vai ser mais densamente ocupada no período da economia da borracha, período que marca um momento de expansão e de urbanização de Belém. “A cidade vivia, naquele momento, uma riqueza econômica em decorrência da economia da borracha e, por conta dessa riqueza, se precisava de mais terras, então, a cidade vai se expandir”, explica a historiadora e professora da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Adriana Coimbra.
Diante da prosperidade econômica proporcionada pela comercialização da borracha, a área que hoje compreende o bairro do Comércio começou a dar cada vez mais espaço para os empreendimentos comerciais, fazendo surgir a necessidade de ocupação de outras áreas da cidade. O que acontece, naquele período, é que a elite que morava no bairro do Comércio e também nos bairros da Cidade Velha e Reduto, começa a migrar para a antiga Estrada de Nazareth, hoje avenida Nazaré. “Na Estrada de Nazareth havia as rocinhas, as casas de descanso, já que era uma área mais arborizada. Então, com essa migração da elite para a Estrada de Nazareth, essas rocinhas passam para a Tito Franco, que hoje é a Almirante Barroso”.
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A partir desse momento, a área onde hoje está a Almirante Barroso passou a ser um subúrbio para o descanso das famílias mais abastadas, mas não um subúrbio no sentido que se conhece hoje, como um local menos desenvolvido, mas sim um subúrbio no sentido entendido durante o século XIX, uma região distante do centro urbanizado. Com o crescimento da cidade, porém, logo essa região também seria incluída no processo de urbanização. “Com o desenvolvimento da economia da borracha e a urbanização que a cidade começa a passar, há a necessidade de ir também em direção ao Marco porque um grande problema de Belém eram as áreas alagadas, então, se precisava de terras altas, as partes secas da cidade”, explica a professora. “Esse é o processo que faz com que se planeje o bairro do Marco e esse planejamento é feito pelo Antônio Lemos, que vai pensar o bairro do Marco em um modelo haussmanniano – um modelo arquitetônico francês pensado pelo Barão Haussmann – caracterizado pelas ruas largas, arborização, saneamento básico”.
É ainda no século XIX que vai se inaugurar a Estrada de Ferro de Bragança e o bairro se torna uma entrada para a capital e vai se desenvolvendo com o passar do tempo. “Hoje, o bairro é fundamental como via urbana para o escoamento da cidade. Por ali passam as maiorias dos transportes que vão para a área metropolitana, que vão para Icoaraci, Santa Izabel, Santa Bárbara, Ananindeua”, considera Adriana Coimbra. “E nessa via estão espaços como o Bosque Rodrigues Alves, o prédio da antiga Chácara Bem-Bom, que hoje pertence à Prefeitura de Belém, e, de certa forma, está lá hoje a sede do Diário do Pará”.
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