Em visita a um templo religioso em Goiânia, no último dia 08, Damares Alves falou sobre crimes contra crianças, que teriam sido descobertos pela comitiva presidencial em visita ao arquipélago do Marajó. A fala da ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos repercutiu de forma muito negativa entre os marajoaras.
Entidades do Marajó expressaram a sua indignação nesta quarta-feira (12), através de nota.
“É inaceitável que, mais uma vez, o arquipélago do Marajó seja usado como peça eleitoreira, especialmente quando esta ação é deliberada por quem deveria garantir e efetivar direitos, mas ao contrário, promove um desserviço ao país, reforçando práticas antiéticas e descabidas”, iniciou a nota.
+ MP oficia Damares sobre fala de crimes sexuais no Marajó
“Nós, marajoaras, representantes dos movimentos sociais e da sociedade civil, viemos, novamente, por meio desta carta manifestar o nosso total repúdio e indignação diante das graves afirmações proferidas, por uma gestora pública, que mais uma vez direciona AOS MARAJÓS palavras maldosas que alimentam cada vez mais os estigmas carregados pela nossa população historicamente atacada e atingida pelo modelo desigual de desenvolvimento social e econômico do país, que centraliza recursos e distribui misérias para as regiões do norte e nordeste”.
De acordo com a nota assinada por ao menos 33 representantes sociais, o repúdio se dá em razão de que, conhecedores da problemática da exploração sexual na região marajoara e constituindo um tema caro “AOS MARAJÓS”, as afirmações realizadas desmerecem um esforço coletivo de uma rede de proteção criada na região e essa rede desconhece que possa ter ocorrido o fato relatado pela senadora eleita.
As entidades classificaram como infundadas as afirmações de Damares e chamou de provas factíveis, o que foi exposto pela recém-eleita senadora. “Além do que na rede de proteção local não há registros desse tipo de violação de direitos. Resta crer que esse fato relatado pode ter sido fabricado no calor do período eleitoral”.
LEIA TAMBÉM:
Quem trabalha no feriado, tem direito a hora extra em dobro
As entidades também aproveitaram para reivindicar por políticas públicas consistentes, comprometidas com o fortalecimento do Sistema de Garantia de Direitos, ampliando a proteção às crianças e adolescentes, assim como a garantia de Orçamento Público às instituições competentes.
“Não podemos conceber essa temática no âmbito de um Projeto de Poder reduzindo-a a uma perspectiva comportamental eleitoral temporal, mas sim compreendê-la no âmbito de um contexto histórico, que enfatize a justiça social e dignidade humana em uma região marcada pela violação em muitos de seus aspectos históricos, culturais, educacionais, de geração, de classe social, de condições econômicas de sobrevivência, dentre outras problemáticas, o que afeta diretamente as crianças de nossa região”, finalizou.
Entre as entidades que assinaram a nota de repúdio estão: Conselho Nacional das Populações Extrativista do Pará, Comissão de Justiça e Paz de Breves, Coletivo de Pretas e Pretos do Arquipélago do Marajó (CPPAM), Faculdade de Serviço Social - UFPA /Campus Marajó do Breves, Vice-presidente do Memorial Chico Mendes e Programa Direitos Humanos, Infâncias e Diversidade no Arquipélago do Marajó (DIDHAM).
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar