O confronto entre indígenas e seguranças de uma empresa que trabalha com a produção de óleo de palma, a BBF, se intensificaram nos últimos dias na zona rural de Tomé-Açu, nordeste paraense. Vídeos gravados e compartilhados por membros da etnia Tembé mostram a proporção a qual estes conflitos chegaram: um cenário praticamente de guerra, onde há feridos e mortos (neste caso, em setembro deste ano).
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De um lado, os povos originários denunciam a contaminação de rios por rejeitos químicos despejados por empresas que se instalaram na região e avançam suas propriedades por meio da invasão e grilagem, além da obstrução de estradas que dão acesso às comunidades tradicionais.
Do outro, a BBF que alega que grupos indígenas estariam invadindo as terras onde ocorrem o cultivo de dendê para roubar o fruto e vendê-los para companhias clandestinas.
Há pelo menos uma semana os confrontos passaram a ser diários. Indígenas Tembé têm usado as redes sociais para tentar ecoar o grito de "socorro" e mostrar o que está acontecendo para que alguma providência seja tomada. Imagens compartilhadas nos últimos dias mostram pessoas feridas.
"Os conflitos passaram a aumentar depois que a empresa instalou uma segurança patrimonial ostensiva que vem criando obstáculos ao tráfego dos moradores. Foram cavadas valas, criadas barreiras físicas, impedindo o direito de ir e vir das comunidades. Questiono o escoamento de resíduos da atividade de extração de dendê, contaminando rios e igarapés que são fonte de água e alimentos para a região", disse Samuel Tembé.
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Ele define como "massacre" o que estariam fazendo com os indígenas e quilombolas. "Criminalizar as lideranças tem piorado o conflito com as comunidades. Já houve cinco execuções e nós temos três lideranças pedindo proteção nos programas de proteção estatais por se sentirem ameaçados", ressaltou. "A segurança patrimonial da empresa faz bloqueios sistemáticos nas estradas e nos pontos de passagem usados pelos comunitários, violando o direito fundamental de ir e vir dos moradores", completou.
Segundo o povo Tembé, perfis falsos foram criados nas redes sociais para atacar as lideranças indígenas. "A escalada do conflito é de responsabilidade da empresa, por ter rompido unilateralmente o acordo de compensação", aponta Samuel.
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