Que a vaidade do brasileiro não tem limites é senso comum. Plásticas, preenchimentos, malhação… Tudo que for possível para levantar a autoestima é sempre bastante procurado. Nessa corrida pela beleza os homens não ficam atrás e um dos procedimentos que têm bastante procura são os que envolvem o aumento do pênis, apesar de não haver um levantamento oficial sobre a prática.
O esteticista e biomédico Daniel Sales, da clínica de estética Equillibrium, destaca que a procura de clientes em busca disso tem sido recorrente. No local ele atua com técnicas chamadas de bioplastia peniana e Escrotox, que segundo ele, só interferem na estética.
“Todo homem acha que tem o pênis menor do que ele realmente tem. Quem pode fazer é quem tem o desejo do engrossamento peniano, deixar com mais volume, diminuir aquela retração significativa, tanto do pênis quanto do saco escrotal”, indica. “Aquela retração de nervosismo, frio intenso, nas praias ao molhar a sunga, aquele encolhimento, então a técnica de bioplastia, de preenchimento peniano, pode volumizar e relaxar, quando associado com outras técnicas, como o uso de toxina botulínica. Pode fazer quem deseja mais volume, mais projeção, relaxamento do saco escrotal e do pênis”, resume.
Segundo Sales, o procedimento é bem simples. “É ambulatorial, leva anestesia local, sendo feito em clínica com uso de uma espécie de agulha especial, sem ponta, chamada de cânula, onde ela não perfura vasos, diminuindo as chances de edema, de inchaço, tendo uma melhor recuperação”, afirma. “O paciente não precisa se ausentar de atividades laborais, o que ele deve é ficar uma semana sem sexo e atividade física. Masturbação já é possível a partir do quinto dia”, orienta.
“Temos a possibilidade de fazer o preenchimento, volumizar, projetar, mas tem como fazer uso da toxina botulínica para dar essa ilusão de ótica de que o pênis está bem maior, deixar com essa melhor projeção”, prossegue. “A toxina botulínica pode ser usada tanto no saco escrotal quanto no pênis, o nome da técnica se chama Escrotox”, informa.
Nessas técnicas, o aumento peniano pode durar até dois anos, estima o especialista. “O procedimento para que tenha uma durabilidade significativa precisa de um bioexpansor, um produto específico para essa área do corpo”, pontua. “Requer uma avaliação especializada, porque cada um tem uma queixa, e a partir dessa queixa e da consulta realizada, alguns dados são coletados para que assim, se faça um plano de tratamento e se possa escolher que tipo de produto será utilizado e a quantidade”.
Após esse período, Daniel Sales afirma que é indicado repetir o procedimento. “Esse período se pode fazer um retoque, com quantidade menor para compensar o volume perdido. Isso porque o ácido hialurônico leva até dois anos para ser eliminado do corpo”, justifica. “O procedimento tem mudado a vida de muitos pacientes no psicológico, na autoestima. É gratificante perceber essa satisfação dos pacientes após o procedimento”.
VALORES
O biomédico afirma que a depender das técnicas e de cada paciente, os valores podem variar de R$ 2 mil a R$ 8 mil. “Vai de acordo com o plano de tratamento. Pode ser só com o preenchedor para dar volume, ou com a utilização de toxina botulínica, peelings químicos ou mecânicos para promover o clareamento da área e até redução do volume de massa gorda na região do púbis, o que expõe mais o pênis dando essa sensação de alongamento”, diz.
“As possibilidades são diversas. Depende do plano de tratamento”, reitera, com outra informação importante. “O risco é zero de intercorrências de perda de ereção e sensibilidade, o procedimento interfere apenas na estética”, garante.
Testemunhos
A reportagem conversou com dois homens que se submeteram a procedimentos para aumentar o pênis.
l Um deles é engenheiro civil, tem 32 anos e afirma que fez bioplastia peniana, que consiste na aplicação de ácido hialurônico no comprimento do pênis, aumentando assim a sua espessura. O que o motivou foi “melhorar a satisfação com a minha autoimagem e aumentar minha autoestima”, relata, ao contar que investiu R$ 6 mil. “O aumento foi apenas na espessura, tinha cerca de 16 cm de comprimento. Espero ter um pênis visualmente mais harmônico, bonito e mais grosso”.
l O outro que se submeteu ao procedimento estético é bacharel em Direito e tem 28 anos. Segundo ele, a opção foi puramente estética. “Fiz harmonização nos glúteos e na região peniana. Gastei cerca de R$ 10 mil. Queria ter uma aparência melhor, de acordo com meus padrões de beleza. Meu pênis media originalmente 17 cm, espero que aumente ao menos três centímetros”.
PING PONG
Além da bioplastia e Escrotox, muitos homens também recorrem às cirurgias de aumento peniano. Sobre o assunto, o médico urologista Luis Otavio Pinto, que faz parte do Departamento de Urologia Reconstrutora da Sociedade Brasileira de Urologia, observa que é preciso ter bastante cautela antes de decidir por um procedimento mais invasivo. “Essa cirurgia existe, o problema é que muitas pessoas agem de má-fé e extrapolam as indicações. Não é essa maravilha toda, eu até brinco com meus pacientes que se fosse tão bom eu teria feito em mim mesmo. Ela precisa ser bem indicada e a própria Sociedade Brasileira de Urologia não recomenda sua utilização de forma rotineira. Tenho visto um boom de coisas na internet, um cantor que divulgou que fez. É preciso estar bem orientado com as reais indicações, as complicações”, alerta. Confira mais detalhes na entrevista a seguir:
P Quais são as técnicas mais comuns para se realizar o aumento peniano?
R Disparado, a cirurgia que mais se realiza é um procedimento que consiste na secção de um ligamento suspensório do pênis, que é o responsável por manter o pênis retificado, permitindo uma boa penetração no ato sexual. Seccionando esse ligamento e fazendo uma plástica, digamos assim, conseguiria um aumento. Não é uma técnica nova, já existe há décadas. Já tentaram fazer várias modificações nesse tipo de procedimento, tem procedimentos que além disso utilizam um extensor que mantém o pênis tracionado e que garante um tamanho. São técnicas que, no geral, no meu ponto de vista, são ruins, não são isentas de efeitos adversos, como a retração do pênis. Ou seja, o paciente pode querer aumentar com o risco de diminuir. É muito complicado. Tem pacientes que se beneficiam sim, os que têm micropênis, que é uma doença, geralmente de componente genético em que o pênis é muito abaixo da média. A gente considera no adulto um micropênis abaixo de dez centímetros, agora com uma forma específica de mensuração. É uma parte bem pequena da população e eles não conseguem por exemplo urinar em pé, ou conseguir reproduzir porque não conseguem penetrar, então essas são indicações do aumento peniano. Nós chamamos essa plástica de VY Plastia, associada na região do púbis, que permite que ele fique mais alongado, mas para baixo. Então, às vezes tem muitos pacientes que se queixam de dificuldade de penetração, mas para quem tem muito abaixo, o tamanho, seria um benefício.
P Qual seria a indicação?
R Às vezes o paciente tem o tamanho normal, mas quer um aumento, mas ele tem que saber que tem um risco de perder o tamanho, se der errado, ter uma deformidade, por exemplo, como as curvaturas após a manipulação cirúrgica. Esses são problemas que a própria Sociedade Brasileira de Urologia não indica, para esses casos, a cirurgia. Eu já fui chamado no CRM (Conselho Regional de Medicina) algumas vezes para dar minha opinião sobre reatogenias após cirurgias desse tipo. São cirurgias indicadas para pacientes com pênis abaixo de dez centímetros, mas com uma técnica específica de mensuração. Não é botar a régua de qualquer jeito, não é com ele mole, é com ele esticado, é sobre uma tração máxima. Mas, mesmo indicado, são permitidos como pesquisas, envolvendo instituições habilitadas, como o Hospital Ophir Loyola, como no caso dos pacientes com câncer de pênis.
P Quais são os riscos?
R Sobre os riscos, o principal é o encurtamento ao invés de aumentar, ter um certo comprimento mas não conseguir penetrar. Já vi casos na literatura inclusive de quem fez e teve a perda do pênis, houve uma lesão de vasos nobres e acabou levando a uma necrose. Tem que ter muito cuidado na indicação, principalmente em pacientes com comorbidades, diabetes descompensada, doença vascular descompensada, fatores de risco para infarto, derrame, todos esses têm chances de evoluir mais grave, precisa ter toda uma cautela.
P E os custos?
RValores dependem de cada caso, na rede pública, por ocasião do câncer de pênis não se paga nada, tá tudo incluso nos impostos que se paga.
P Quais as recomendações para quem pretende fazer?
RTomar cuidado e ver se você realmente tem recomendação de fazer. Atendi um paciente que veio com essa intenção de aumento, um senhor de idade, que teve um aumento de peso e aquela gordura pré-púbica, que fica no pé da barriga, próximo ao pênis, e ela estava escondendo o pênis dele, a gente chama de pênis embutido. No caso dele havia uma solução, fazer uma dermolipectomia, com isso ele ganha novamente aquele tamanho que ele tinha, melhora o tamanho peniano aparente, com aquela remoção da capa de gordura e fazendo o lifting, que é esticar aquela pele do pênis próximo ao púbis. Ele volta a ter a noção de que o tamanho está normal novamente. Isso se faz muito, mas não mexe no tamanho peniano real dele, apenas a questão estética aparente. Cuidado com as falsas promessas. É preciso seguir as recomendações da Sociedade Brasileira de Urologia.
P Por que há tanto interesse em fazer esse aumento?
R Muitos jovens procuram consultório porque a referência que eles têm do tamanho do pênis é na internet, vídeos pornográficos, de atores que têm um tamanho acima do normal, aí ele acha que aquele é o padrão e não é. Tem o tabu de conversar com o pai, com os amigos. É importante ter campanhas sobre isso, difundir mais. A cirurgia existe, mas não é essa maravilha. Muito cuidado ao se glorificar esse tipo de procedimento.
P Qual a média do tamanho do pênis do brasileiro?
R A média do comprimento peniano do brasileiro é de 14,5 centímetros, variando 1,6 centímetros para mais ou para menos. Ou seja, varia de 12,9 cm a 16,1 cm. Isso é metade da população adulta, esses valores são medidos como comprimento real sobre tração máxima, com o uso da régua a partir do púbis esticando o pênis. 25% vão estar abaixo da média e 25% acima da média.
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