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TRABALHO

Profissões antigas resistem ao tempo e se atualizam

Profissões como as de sapateiro, relojoeiro e costureira resistem e os profissionais seguem se atualizando para fidelizar os clientes. Conheça algumas histórias desses trabalhadores

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Imagem ilustrativa da notícia Profissões antigas resistem ao tempo e se atualizam camera Profissões que resistem ao tempo | Irene Almeida - Diário do Pará

Mesmo com o passar do tempo e o surgimento de novas tecnologias, profissões como as de sapateiro, relojoeiro e costureira resistem e os profissionais seguem se atualizando para fidelizar os clientes e continuar o legado que, por muitas vezes, perpassam por gerações.

Na capital, é comum encontrar relojoeiros fazendo pequenos e grandes consertos, em banquinhas nas esquinas dos bairros. Quando se pensa em dar aquele ajuste na cintura de uma calça que ficou folgada ou criar uma peça exclusiva, é para a costureira que se corre. Descolou a sola do sapato no caminho para o trabalho? É só ir ao sapateiro. Dependendo do problema, sai mais em conta do que comprar um novo.

No mercado de São Brás, em Belém, esses profissionais seguem sendo procurados e, se depender deles, sempre estarão dispostos a atender quem precisa do serviço.

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De segunda a sábado, das 8h30 às 18h30, o sapateiro José Orlando Siqueira, 59, se dedica a consertar sapatos, bolsas e malas. Com o trabalho, sustenta a família composta por oito pessoas e se orgulha do ofício, que aprendeu com o pai.

“Aprendi a fazer calçados aos 15, com o meu pai que também era sapateiro. Trabalho aqui no mercado há apenas 3 anos, mas já tenho mais de 25 na profissão. Antes, tinha uma lojinha na Terra Firme, mas o movimento era pouco se comparado ao do mercado. Aqui a gente conhece tanta gente, conversa com tantas pessoas, é o que sei fazer e respeito muito o meu trabalho”, ressalta.

Dentre os boxes de sapateiros, José Orlando é o único que trabalha consertando bolsas e malas, é o seu diferencial e a expertise lhe rende uma boa grana extra.

“Tem dias que escolho com o que vou trabalhar, aí pego bolsas e malas. No outro, decido que vou trabalhar só com sapatos. Mas os consertos das bolsas rendem um bom dinheiro”. O sapateiro conta que a maioria dos clientes é de longa data e não reclama do preço dos serviços.

“Assim, sempre tem aquele cliente que acha caro, às vezes eu até faço o serviço e nem cobro, aí ele volta porque gostou, mas a maioria não reclama. Então, sempre digo que respeito o meu trabalho, estou aqui porque preciso e é o que sei fazer. Os clientes viram amigos, eles vem aqui e a gente conversa, então, apesar de tudo, é muito bom, me orgulho muito”.

RELOJOEIRO

Quem também herdou a habilidade de família foi o Cláudio Corrêa, 53, relojoeiro no mercado há pelo menos 30 anos. Curioso, aos 11 anos de idade aprendeu a consertar o primeiro relógio com o primo mais velho, que já atuava na profissão e trabalhava no Mercado de São Brás.

“Eu saía da escola e vinha para cá, ficava observando ele, aí pra eu não encher o saco, ele me deu um relógio e falou ‘Toma, menino, vai tentar consertar, vai’, e eu consertei. No outro dia, fui mostrar todo orgulhoso. Até hoje tenho esse relógio guardado”,

Cláudio revela que, para não ficar para trás, fez cursos para se atualizar e conseguir realizar consertos de relógios mais modernos. Seu sonho é montar um curso para compartilhar todo o seu conhecimento.

“A gente aprende com todo mundo, tudo o que sei hoje foi me repassado por alguém sem vaidade, então, a gente tem que passar em frente o que a gente sabe também. Tudo o que conquistei na minha vida foi com este trabalho, sou muito grato!”, enfatiza.

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O relojoeiro também aprendeu a arte de amolação de alicates, que faz toda a diferença no final do dia. “A gente vai aprendendo, né? Sempre dou um jeito do cliente sair satisfeito, essa é a arte. Seja no conserto de um relógio ou na amolação de alicate, a gente sempre adquire conhecimento e conhece pessoas”, finaliza.

Outra veterana do Mercado de São Brás é a costureira Regina Célia da Silva, 62. Há 40 anos ela trabalha no local, mas desde os 15 exerce a profissão que aprendeu com a mãe. Hoje, a maior parte dos serviços que Regina realiza é com ajustes de bainha e zíper.

“Hoje sou viúva, criei os meus dois filhos com a renda deste trabalho, mas os dois já têm suas casas. Com o dinheiro daqui, consigo ajudar nos estudos do meu neto de 17 anos”, pontua.

A costureira comenta que muitos clientes são fiéis, só realizam o ajuste com ela porque já conhecem o seu trabalho. O box de Regina é conhecido e, entre fitas e retalhos, junto a sua máquina de costura, ela teceu muitas amizades.

“Assim, eu vejo que sempre vai ter alguém pra fazer um ajuste aqui e ali numa roupa que gosta muito e não quer se desfazer. Dessa forma, a gente vai se aproximando, criando laços, afinal de contas estamos cuidando de algo simbólico para as pessoas. Fiz muitas amizades. Apesar de hoje não ser aquele volume de trabalho como era antigamente, consigo me manter e até guardar dinheiro, graças a Deus”, encerra

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