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SEGURANÇA

Pelo menos duas pessoas desaparecem por dia no Pará

Um levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que ao todo foram 2.378 casos de desaparecimento de pessoas entre 2019 e 2021 em todo o Estado.

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Imagem ilustrativa da notícia Pelo menos duas pessoas desaparecem por dia no Pará camera Em números absolutos, São Paulo fica na frente no ranking de desaparecidos. O fenômeno se mostra recorrente, e as dinâmicas e motivações são distintas. | (Divulgação)

A cada 24 horas duas pessoas desaparecem no Pará. Um levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que ao todo foram 2.378 casos de desaparecimento de pessoas entre 2019 e 2021 em todo o Estado, sendo que, deste total, 38% são adolescentes na faixa etária de 12 a 17 anos.

Os números mostram que, do total de desaparecidos no Pará no período, somente 509 foram localizados, ou pouco mais de 21%. O perfil dos paraenses que fazem parte do grupo de pessoas não encontradas é composto por maioria masculina, 58,6%. A noite e madrugada de sexta para sábado é identificada como o pico nos registros de desaparecimento

No Brasil, mais de 200 mil pessoas desapareceram entre os anos de 2019 e 2021, o que corresponde a uma média de 183 por dia, sendo que os adolescentes formam o principal grupo, com 29% do total. Do total nacional, 112.246 foram encontrados.

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De acordo com a publicação, o fenômeno de desaparecimento se mostra recorrente, e as dinâmicas e motivações são completamente distintas. “Mesmo que o fato não tipifique crime, e independente das causas associadas ao desaparecimento de uma pessoa, o Estado tem o dever de procurá-la e os familiares têm direito à verdade, inclusive nas ocorrências de desaparecimentos voluntários”, diz o estudo.

Segundo o mapa, quase 63% dos desaparecidos são homens e 37% mulheres. Os adolescentes entre 12 e 17 anos respondem por 29% do total. Este público tem uma taxa 2,8 vezes superior à média nacional. Ao todo, a média de desaparecidos nessa faixa etária é de 84,4 por 100 mil, enquanto a geral do país é de 29,5.

Outro dado trazido pelo levantamento é que a maioria dos desaparecidos, 54%, é de negros e 45% são brancos. Também foi detectado que pouco mais de 25% dos registros não tinham informações sobre o perfil étnico-racial das vítimas.

Na avaliação por estados, as maiores taxas estão no Distrito Federal (69,5 por 100 mil habitantes), Rio Grande do Sul (57,9) e Mato Grosso (51,8). Em números absolutos, São Paulo fica na frente, com 18.858 mil e Minas Gerais, com 6.857.

Esta é a primeira edição do “Mapa dos Desaparecidos no Brasil”. Mas desde 2017 o Fórum Brasileiro de Segurança Pública monitora o número de desaparecimentos no Brasil, que, de acordo com a publicação, é uma temática que “segue invisibilizada, tornando ainda maior o drama dos familiares que buscam por seus entes queridos”. Uma pessoa é considerada desaparecida quando não volta para casa e some sem avisar amigos ou familiares, não sendo localizada nos lugares que costumava frequentar e nem em qualquer outro lugar.

Na opinião dos técnicos do Fórum, os números apurados podem ser ainda maiores, uma vez que o país não possui um cadastro nacional dedicado a esses casos. “Esse é um número muito elevado e, quando a gente verifica, por exemplo, as taxas de reencontro de pessoas produzidas pelas polícias, elas são muito menores. Ou seja, a gente nem consegue dimensionar a quantidade de pessoas que efetivamente estão desaparecidas no Brasil”, disse Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Em 2006, a Polícia Civil do Rio de Janeiro em parceria com o Ministério Público local, criou o Programa de Identificação de Vítimas, que acabou se convertendo no Programa de Localização e Identificação de Pessoas Desaparecidas (PLID) em 2011, quando o Ministério Público de São Paulo se vinculou à iniciativa. Atualmente, 21 estados adotam o PLID, entre eles o Pará.

Em 2018, o Conselho Nacional dos Ministérios Públicos, com a participação de todos os estados mais o Distrito Federal, criou o Sistema Nacional de Localização e Identificação de Desaparecidos (SINALID). O sistema é administrado pelos Ministérios Públicos Estaduais e funciona como um grande banco de dados das instituições que adotam o PLID.

Um dado que chama a atenção no levantamento é o fato de que, durante a pandemia de covid-19, o número de pessoas desaparecidas caiu 22,3% em 2021 na comparação com 2019. Na pandemia, todos os estados apresentaram redução no número de pessoas desaparecidas, no entanto, na faixa etária entre 40 e 49 anos ocorreu crescimento nesse período, inclusive no Pará.

Samira Bueno acredita que esse fato pode estar relacionado a outro fenômeno: a população em situação de rua. “Uma das hipóteses que a gente traz para o crescimento entre pessoas de 40 e 49 anos é que aumentou o desemprego, caiu a renda e muita gente ficou em situação de rua. A gente teve um crescimento significativo da população em situação de rua no Brasil nesse período e é comum que pessoas que perdem emprego e renda, fiquem envergonhadas e, enfim, não tendo para quem pedir ajuda, acabem indo para a rua”, ressaltou.

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