De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 19 milhões de brasileiros sofrem com a ansiedade (aproximadamente 10% da população). O Brasil está no topo do ranking mundial de prevalência de transtornos de ansiedade (OMS, 2017). A OMS também alerta que só no primeiro ano da pandemia houve aumento de 25% dos quadros de ansiedade e depressão.

E a população brasileira na faixa etária de 18 a 24 anos é a líder com os maiores índices de ansiedade, segundo um levantamento da Covitel realizado no primeiro semestre de 2023 (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia).

Pressão e muitas cobranças

A Psicóloga Thallitta Leal, com foco em Ansiedade e Autoestima, relata que sentir ansiedade diante de desafios pode fazer parte até porque é um mecanismo no corpo de proteção e preparação. Porém quando se trata de processos avaliativos esse nível de ansiedade pode aumentar principalmente devido às preocupações, expectativas pela aprovação, autocobranças exageradas e pressão da família.

“Próximo da realização da segunda prova do Enem de 2023, muitos estudantes ainda estão tensos e podem estar tentando estudar o máximo de conteúdos possíveis. E o perigo em seguir uma maratona extensa de estudos a poucos dias do teste pode comprometer o rendimento devido a sobrecarga, estresse, preocupação, esgotamento mental e nível mais elevado de ansiedade.”, comenta a psicóloga.

A ansiedade prejudica

Thallitta, explica que a ansiedade pode se tornar um problema na medida em que seu nível, intensidade e forma ficam desproporcionais às situações vividas e comprometem a rotina e qualidade de vida da pessoa. E as dificuldades mais recorrentes de intensa ansiedade são: preocupações excessivas, medo de falhar e decepcionar, medo de não ser bom o suficiente, dificuldade de concentração, agitação, coração acelerado, mãos trêmulas, tensão muscular, indisposição, problemas digestivos, crises de choro e insônia.

Psicóloga Thallitta Leal
📷 Psicóloga Thallitta Leal |Divulgação

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E nesse contexto do Enem, a necessidade de aprender a lidar com as ansiedades fica mais aguçada. E ações como manter boa alimentação, rotina regular de sono, praticar atividade física, se planejar com antecedência a ida ao local de prova para evitar atrasos, organizar o que for preciso levar, controlar uso de redes sociais, técnicas de respiração e ter lazer são orientações básicas e primordiais, reforça a psicóloga. E salienta que trabalhar as expectativas e cultivar pensamentos positivos pode consideravelmente fazer diferença no rendimento da prova.

Confiança é a chave!

Segundo a psicóloga, a percepção que temos de si próprio pode colaborar ou dificultar nossas escolhas. Por isso, direcionar os pensamentos para as possibilidades pode deixar o estudante mais estimulado e confiante em si.

“Logo, a dica principal é não alimentar pensamentos desastrosos de que tudo vai dar errado ou que não vai conseguir, e se eles surgirem duvide deles, muitos pensamentos não condizem com a realidade. Tente substituir por EU CONSIGO e VAI DAR CERTO. Isso estimula a mente a operar melhor ao seu favor. Confiar no próprio potencial e ser menos carrasco contigo pode ajudar, principalmente mediante os pensamentos de autocobranças.”. Afirma que acreditar que é capaz e levar em consideração os esforços e habilidades pode acalmar e favorecer o bom uso do tempo para a realização da prova.

E mais, ela sugere que na véspera da prova é essencial tentar relaxar em vez de se cansar em revisões intensas de conteúdo, pois isso pode gerar mais preocupação, aumentar o nível de ansiedade e afetar a memória. “Assistir um filme sem extrapolar o horário para dormir é claro, fazer passeios leves com os amigos, reunir com a família, escutar músicas, fazer coisas que gosta sem prejudicar pode ser boas opções."

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Família: converse mais e cobre menos

E recado para a família é: colabore, converse e modere as cobranças! É essencial para a saúde mental ampará-los nesse momento de avaliação. A família pode estimular o valor da capacidade e do otimismo.

“A ansiedade nos estudos pode fazer parte, porém se estiver em excesso acaba prejudicando. Nesses casos é importante procurar ajuda especializada para tratar e assim poder melhor lidar com os pensamentos e emoções. Através da psicoterapia é possível trabalhar medos e inseguranças, alcançar a amenização das tensões e angústias, reduzir estresses, e desenvolver auto segurança e autoestima saudável. É possível conscientizar de forma mais coerente com a realidade e desejos as tomadas de decisões, e colaborar para a qualidade de vida.”, comenta a psicóloga.

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