Este ano foi marcado por diversos fenômenos meteorológicos a nível global, que em alguns casos impactaram, ainda que de maneira mais suave, algumas regiões do Pará, incluindo a capital. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia no Pará (Inmet/PA), um dos eventos mais relevantes foi o El Niño, responsável por causar períodos de seca e pelo aumento das temperaturas no território paraense.
A partir do quinto mês do ano, coincidindo com o início do verão no hemisfério norte, o fenômeno climático começou a ser sentido de forma mais intensa. “O El Niño ocorre devido ao aumento da temperatura no Oceano Pacífico, próximo à linha do Equador, o que influenciou em nosso clima e, como mencionei em outras ocasiões, este ano foi um dos anos mais quentes no Pará”, afirma o meteorologista José Raimundo.
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O especialista ressaltou ainda que o aquecimento global desempenhou um papel fundamental no calor experimentado pelos paraenses nos últimos meses. “Todos nós vivemos a temperatura mais elevada da história do Pará, sendo que, em alguns dias, as máximas chegaram a bater de 36.4 graus Celsius, causando incômodo mesmo na população que já é acostumada com a quentura”.
Raimundo lembrou que os meses mais impactados pelo calor foram os de agosto e setembro. Nesse período os níveis pluviométricos foram considerados os menores da história, tanto que as chuvas, nesse caso, ficaram abaixo dos 50% em comparação aos anos anteriores. Vale ressaltar que houve ainda uma queda brusca na nebulosidade, ou seja, o céu apresentou poucas nuvens.
NUVENS
“A ausência de nuvens soma-se com as outras causas que influenciaram no aumento da temperatura, já que, nesse aspecto, os raios solares atingem a superfície sem barreiras, resultando em uma sensação térmica significativamente alta. Logo nas primeiras horas do dia, os termômetros já marcavam 24 graus e por volta das 11h saltava para 34 graus”, explica o representante do Inmet/PA.
Mesmo com os diversos alertas da Organização Meteorológica Mundial (OMM) para o restante do Brasil, principalmente na região Sul do país, que enfrentava uma forte onda de calor, as altas temperaturas no Pará foram consideradas “sem grandes anomalias”, conforme definição de José Raimundo. O meteorologista destaca que o estado não seguiu esses padrões de temperaturas das outras regiões.
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No entanto, o especialista chamou a atenção para o Sul e Sudeste do Pará. “Já chegamos em dezembro e, apesar de estarmos sentindo um clima mais fresco na capital e Região Metropolitana, não posso deixar de mencionar que Redenção, Conceição do Araguaia, entre outras por ali, estão enfrentando a falta de chuvas que já era para ter começado em outubro”, reforça.
“Por lá o clima está bastante seco, e esse é um dos exemplos de como o El Niño, mesmo mais enfraquecido, ainda tem tido efeito por lá. Ou seja, o fenômeno está afetando consideravelmente aquela região, que sofre com a redução de chuva. Além disso, sente quem vive no litoral norte da Ilha do Marajó também. A presença de precipitação ainda é inconsistente”, esclarece.
PARÁ 2024
Para o ano que vem, a tendência é que as condições climáticas de 2023 se repitam: temperaturas mais baixas entre janeiro a fevereiro, com máximas de 33 graus; entre março a maio acontecem chuvas mais intensas; junho a julho, sol entre nuvens; agosto e setembro, temperaturas mais elevadas, podendo chegar a 36 graus; e os últimos meses do ano devem ser marcados pela queda, novamente, das temperaturas.
José Raimundo conclui: “Estamos atentos a todos os fenômenos, além de acompanhar a Zona de Convergência Intertropical, que nesse final de semana apontou para Amapá e norte do Marajó. Apesar de termos uma previsão de início do ano mais seco, em fevereiro pode ser que tenhamos chuvas por aqui. Mesmo com a alta temperatura, é possível que tenhamos céu mais coberto no ano que vem”.
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