O sonho de ingressar em uma universidade pública é uma meta que precisa de dedicação, estudo e muita superação para vencer os obstáculos e conseguir a tão sonhada aprovação. E, existem aqueles, que não se deixam abater pelas dificuldades e enfrentam todos os desafios para conquistar uma vaga, assim como o jovem Lucas Nobre.
Se a sexta-feira, 26, já foi um dia para se comemorar a aprovação no vestibular da Universidade Estadual do Pará (Uepa), imagina quando se faz uma dobradinha, e na manhã do sábado 27, vê seu nome novamente em um listão, mas desta vez, na Universidade Federal do Pará (UFPA). Isso mesmo, hoje, 27, é um dia histórico para a família do reabilitando do Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR), Lucas Nobre, de apenas 17 anos, que conquistou a segunda aprovação em 24 horas, nos dois maiores vestibulares do Estado e no mesmo curso: Licenciatura em Filosofia.
"Ele é o nosso orgulho. Tudo que batalhamos o Lucas está colhendo. A aprovação dele é coroada pelas dificuldades que passamos na vida, pelas adversidades. Quem pode imaginar isso tudo? Duas aprovações? Isso é para mostrar, mais uma vez, que a Pessoa com Deficiência pode tudo! São capazes, sim, de desfrutar de estudo, lazer, mercado de trabalho; tudo", disse Alexandra Nobre, de 42 anos sobre as conquistas do filho e ainda madou um recado para mães de Pcd’s. "Não desistam dos seus filhos só por causa de um diagnóstico. Lutem por eles. Vão em frente".
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De acordo com Alexandra, o filho, agora bi-calouro e que é acompanhado no CIIR há dois anos com diagnóstico de paralisia cerebral, realizou a primeira participação no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) em 2023 e, logo de primeira, conquistou este feito sendo o 22º aprovado na lista da UEPA no seu curso. Na UFPA ele foi foi mais além, o 24º na classificação em Filosofia, e no geral, conquistou o primeiro lugar entre as Pessoas com Deficiência (PcD’s).
"O CIIR teve um papel fundamental nessas aprovações do Lucas, pois, ele teve o apoio de uma equipe multiprofissional com psicólogos, terapeutas ocupacionais e, principalmente, da psicopedagogia", detalha a mãe que revela que ele é o primeiro da família a ingressar no ensino superior.
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Com orgulho estampado no rosto, Alexandra, conta como foram os caminhos educacionais percorridos pelo filho, que desde a educação básica até o médio, concluiu em escola pública no município de São Miguel do Guamá, cerca de 150 km de distância de Belém.
"Sempre o auxiliei em casa, além do estímulo na escola. A preparação ao ENEM foi intensa. Agradeço à escola Estadual de Ensino Médio Frei Miguel de Bulhões pelo auxílio educacional, e o CIIR, que é a nossa segunda casa e que bom tê-la, sendo complementado com dias e madrugadas estudando junto com ele em casa fazendo redações, dialogamos temas do cotidiano que poderiam 'cair' e até acertamos o tema. Sabe-se que uma pessoa com deficiência, que apenas verbaliza como é o caso do Lucas, escrever uma redação é mais complicado diferente daquela sem diagnóstico que consegue desenvolver o conteúdo. Em resumo, superação o que estamos vivendo", destaca a moradora de São Miguel do Guamá que pontua se deslocar com o filho todas as sextas-feiras de sua cidade à capital do Estado para a realização das terapias.
Segundo Syrlanda Monteiro, psicopedagoga que acompanhou Lucas no CIIR até a aprovação no vestibular, o plano terapêutico implementado na Tecnologia Assistiva foram destaques na caminhada do jovem.
"Enquanto psicopedagoga, trabalhei a questão do amadurecimento das funções cognitivas, como a flexibilidade de pensamento, o planejamento, a atenção e a memória, além de outras funções importantes para a aquisição do conhecimento. Devido à condição física do Lucas, trabalhamos a questão de conseguir compreender de que ele é capaz e poderia ir além. Ele tem sim suas dificuldades, como qualquer outro adolescente, principalmente diante dessa condição, mas a gente trabalha a questão desse amadurecimento, desse conhecimento prévio para que ele pudesse chegar até o ENEM, preparado".
A terapeuta esclarece que a Psicopedagogia não é um reforço escolar, mas sim, "tem um papel importante para um trabalho de intervenção nas dificuldades de aprendizagem apresentando técnicas eficazes nesse processo que, de fato, ajudaram o Lucas a vencer as dificuldades".
A profissional revela também que foram ofertadas atividades direcionadas para a leitura, o entendimento e o amadurecimento desse conhecimento prévio para que ele conseguisse desenvolver uma boa redação e realizar uma prova condizente com sua a condição. "Essa inclusão foi primordial para que ele pudesse chegar ao objetivo de aprovação no vestibular. Conquistou excelentes notas e hoje está aí o resultado".
"Fico muito feliz em fazer parte desse processo cercado de algumas dificuldades e dúvidas. Ele achava que não iria conseguir passar no vestibular, mas trabalhamos tudo isso junto a outros terapeutas para que o Lucas pudesse superar o lado negativo", conclui Syrlanda.
Planejando o futuro – Segundo Lucas Nobre, ele ainda não escolheu qual universidade irá cursar, mas já planeja o futuro após concluir a graduação. Ele quer realizar uma pós-graduação em Filosofia Política. "Eu adoro Filosofia e política. Pensando nisso, quero realizar mestrado na área", determina.
Atendimento - Para obter acesso aos serviços do Natea, o usuário precisa ser encaminhado por meio de Unidade Básica de Saúde (UBS) do município onde reside, que será acolhido pela Central de Regulação, que por sua vez, encaminha à Regulação Estadual. O pedido será analisado conforme o perfil do usuário pelo Sistema de Regulação Estadual (SER).
Serviço: O CIIR/Natea é um órgão do Governo do Pará, administrado pelo Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). O Centro funciona na Rodovia Arthur Bernardes, n° 1.000, em Belém. Mais informações: (91) 4042.2157 / 58 / 59.
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