A Ilha do Marajó, no norte do Pará, tem a maior concentração de búfalos do Brasil. Os animais que estão na região são domesticados e possuem papel econômico importante para a população local. Mas, além de turismo e do fornecimento de produtos alimentícios, os búfalos também são usados em uma função pouco usual para outras partes do país, o policiamento.
Além de atividades preventivas em áreas turísticas, os animais auxiliam os policiais em buscas ou perseguições de fugitivos em regiões com terrenos alagados ou com lama, que seriam complexas ou mesmo impossíveis para entrar a pé, de carro ou moto.
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O búfalo, que pesa em torno de 600 quilos, em média, consegue se locomover bem nesses terrenos.
"Os animais são usados, de forma ordinária, em pontos turísticos do município de Soure e em outros municípios marajoaras como Santa Cruz do Arari, em operações que necessitem de deslocamento em terrenos alagados", afirma o coronel Josimar Leão Queiroz, que lidera o Comando de Policiamento do Marajó Oriental.
Um dos exemplos de operação ocorreu na fazenda Muruci, na costa de Soure, cidade considerada a capital turística da ilha.
No local, os policiais realizaram uma ação para combate ao abigeato, que é o ato de furtar animais de propriedades privadas de zonas rurais, em especial gado ou cavalos. O crime é frequente na região e, nessa missão, os policiais paraenses tentaram recapturar um foragido da Justiça.
Em Soure, são usados três búfalos no policiamento. Segundo o comandante, existem outros quatro animais sendo preparados, mas eles ainda não estão em atividade porque são muito novos e estão em treinamento. No total, são sete animais na corporação atualmente.
"Os policiais que lidam com os búfalos são nativos da região e, desde pequenos, aprendem a lidar com os animais, por ser uma herança cultural marajoara", diz.
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A população de Soure é estimada em 25 mil habitantes, e o município é policiado pelo 8º Batalhão da Polícia Militar, que conta com cerca de 200 policiais. O uso dos animais no patrulhamento começou em 1992.
De acordo com dados do IBGE de 2022, o Pará tem cerca de 640 mil cabeças e é o maior produtor do país. O segundo maior rebanho está no Amapá, com 312 mil. Já dados do governo do Pará apontam que existem somente na Ilha de Marajó 600 mil cabeças da espécie.
No Marajó, os búfalos movimentam a economia por meio da venda de carne, leite, doce de leite e queijo, entre outros produtos. O couro e os chifres são usados por artesãos.
Nos restaurantes, por serem parte da gastronomia local, é comum encontrar pratos como o filé marajoara, de carne de búfalo grelhada coberta com mussarela de búfala, acompanhada de arroz e mandioca frita.
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Além disso, os búfalos são usados no transporte de carga e como atração turística em praias da região, nas quais os visitantes podem pagar uma taxa para tirar fotos ou passear com os animais.
Existem muitas versões sobre a chegada dos búfalos na região, mas a oficial é que eles começaram a ser importados no início dos anos 1900. Os búfalos da Ilha do Marajó são, em geral, dóceis e é comum vê-los pelas ruas nas cidades, sendo criados até no quintal das casas.
Em eleições passadas, os búfalos foram usados na logística. Em comunidades afastadas, em que não é possível chegar de barco, os ribeirinhos aguardavam os técnicos na beira dos rios com búfalos, para ajudar na distribuição das urnas.
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