Desde que Belém foi anunciada como sede da COP 30, movimentos sociais começaram a se mobilizar para discutir com mais afinco as mudanças climáticas e a preservação da Amazônia.
Durante a realização da oficina de Arpilleras e do diálogo sobre justiça climática que ocorreu neste sábado (02), no bairro do Jurunas, em Belém, uma ação foi promovida pelo Movimento dos Atingidos Por Barragens (MAB) e fez parte do calendário de lutas do 8M. As peças bordadas produzidas na reunião vão fazer parte da caminhada do dia da mulher em Belém.
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Em entrevista sobre a importância do evento, a líder do coletivo Fênix de Mulheres Jurunense, Ana Claudia Conceição, destacou a realização da COP 30 em Belém: “A COP30 é uma janela de oportunidades desde que nós estejamos qualificadas. A COP vai está nos quatro cantos de Belém. Não que a gente vá entrar naquele momento de conversas oficiais, né? Onde vão estar os presidentes, as pessoas preparadas. Mas nós vamos estar nos bastidores. E para isso, a gente tem que saber receber as pessoas, conversar, falar das nossas problemáticas, o que nós queremos de melhorias”, desse Ana Claudia.
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A inspiração da metodologia das Arpilleras na oficina de bordado proposta pelo MAB veio da experiência de mulheres chilenas, que durante a ditadura militar no país, usavam estopas e panos velhos para registrar os abusos do governo e os nomes dos desaparecidos políticos. Atualmente, as peças de Arpilleras produzidas pelo movimento também denunciam violações de direitos humanos. Mas desta vez, relativo ao uso da água e energia como mercadoria, aos impactos das mudanças climáticas e a vivência das mulheres.
“As mulheres são como água, crescem quando se juntam. É fundamental discutir mudanças climáticas na periferia. E você ouvir mulheres atingidas pelo clima, por empreendimentos que expulsam moradores de suas áreas, ou que causam uma mudança brusca na vida dessas populações, então, ter a oportunidade de ouvir o sentimento dessas mulheres, suas experiências e que resultam em uma peça de bordado tem bastante valor”, pontua Elaine Rodrigues, integrante do MAB.
O Coletivo Fênix de Mulheres Jurunense tem sede na casa da Ana Claudia, ou Claudinha, como é mais conhecida. A organização tornou-se oficial em 2022 e surgiu após a pandemia. Quando as doações de alimentos diminuíram, mas a necessidade e vulnerabilidade de muitas famílias continuou. Como conta a liderança, “fizemos a distribuição de cestas para 475 famílias durante o ano de 2020 e 2021. Acho que no final de 2021, começaram a cessar as doações. Então, como eu tinha muita afinidade com todas as famílias. Eu fiquei triste porque eu não tive mais como ajudá-las e fiquei muito preocupada com algumas mulheres. Ai, mais ou menos, em novembro de 2021, eu chamei algumas mulheres com quem eu tinha mais afinidade, e perguntei se elas topavam vir aqui para casa, sendo que eu não tinha nada para oferecer a não ser um abraço e um copo com água, um carinho e foi assim que começou o nosso coletivo. Começou com 3 e hoje somos 30”, finaliza Claudinha
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