Sujeira, mau cheiro, calor e alagamentos são alguns dos transtornos vividos por trabalhadores do Mercado do Guamá, em Belém. Desde o início de 2023, o Complexo de Abastecimento do Guamá passa por uma revitalização que deveria ter sido entregue em outubro do mesmo ano. Com o atraso nas obras, comerciantes se amontoam em uma feira provisória sem a estrutura necessária para a venda de alimentos.
No Complexo de Abastecimento do Guamá, os boxes foram removidos e no local é possível observar apenas as marcações com tijolos onde será levantada a nova estrutura. Já no Mercado de Farinha, também em processo de reforma, algumas telhas foram retiradas e vigas de sustentação instaladas, mas, no geral, a estrutura ainda se encontrava no mesmo estado de antes. Nesse último prédio, a entrega estava prevista para fevereiro de 2023, oito meses após o início da revitalização, em 25 de junho de 2022.
Para remanejar os comerciantes, uma estrutura provisória foi construída entre a avenida José Bonifácio, rua Barão de Igarapé Miri e a passagem Mucajás. Por lá, os corredores são estreitos, úmidos e sujos. Quando chove a situação se agrava, já que o local alaga e forma poças de lama.
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O local improvisado para a venda de refeições tem afastado os clientes, de acordo com a feirante Rose Souza, de 47 anos. “Aqui está um verdadeiro caos. A gente não oferece um conforto para os clientes, tá tudo improvisado, fica muito difícil. Os clientes só reclamam que tá péssimo. Ainda piora porque enche aqui, fica horrível. Tá muito difícil da gente trafegar, muito apertado, tumultuado, imagine para os idosos. Hoje mesmo caiu um rapaz aqui”, conta a cozinheira.
Moradora do bairro do Guamá, Solange Lobo, 53, costumava fazer as compras de casa na feira com frequência. Porém, atualmente ela tem frequentado cada vez menos o Mercado do Guamá.
“Você vê que não tem espaço para andar, os alimentos ficam um em cima do outro e a higiene não tem. Eu procuro onde está menos pior porque aqui está só lama. Eu venho aqui e nem consigo andar direito. Agora eu só venho aqui quando tem extrema necessidade porque fora disso eu tenho comprado em supermercado porque não dá”, afirma a técnica em enfermagem.
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Entre os corredores estreitos, os trabalhadores do setor de frutas e legumes enfrentam tumulto todos os dias. “Quando chega sábado e domingo, o fluxo de gente é maior e esses corredores ficam todos lotados, apertados, passa até bicicleta. Aqui fica muito sujo, o pessoal da prefeitura passa meio-dia para recolher o lixo, mas quando chove alaga tudo e traz toda a sujeira de volta”, revela o feirante João Batista, de 45 anos.
PASSAGEM
Antes do início da reforma, a passagem Mucajás era aberta ao tráfego de veículos e contava com o comércio de alimentos. Após o fechamento da via para a revitalização, os comerciantes se viram prejudicados. A venda de frangos de Cleice Rodrigues, 45, foi afetada em pelo menos 40% desde o início do remanejamento dos feirantes.
“Antes, nós oferecíamos ao cliente com essa rua toda aberta, agora aumentou a concorrência. Tem cliente que eu não vejo há mais de ano. Às vezes eles vinham, estacionavam o carro, a moto aqui na frente, agora não tem como fazer isso. Sem falar no calor insuportável e o fedor porque agora tem essa vala cheia aqui na frente”, reclama a vendedora.
Atuam nos dois espaços – Mercado de Farinha e Complexo de Abastecimento – 111 permissionários, além de cerca de 182 auxiliares. Os trabalhadores foram remanejados pela Secretaria de Economia (Secon) em janeiro de 2023. A previsão de entrega era para outubro do mesmo ano. Os mercados estão sendo revitalizados para receber os turistas durante a Conferência das Partes (COP-30), que acontecerá em Belém, em 2025.
Resposta
Em nota, a Secretaria Municipal de Economia (Secon) informa que o Complexo de Abastecimento do Guamá e o Mercado de Farinha estão com obras em pleno andamento, com o prazo de entrega atualizado para o mês de abril para o Mercado de Farinha e junho para o Complexo.
A localização da Feira Provisória, assim como os tipos e modelos de equipamentos, foram debatidos com a comissão de fiscalização das obras (COFIS), composta por representantes de cada setor e atividades dos mercados, diz a nota.
O texto afirma ainda que a opção dos permissionários foi permanecer no entorno das unidades de abastecimento, que possuem limites de espaço e área, que demandaram grande esforço para alojar a grande quantidade de equipamentos e ainda prover áreas de circulação para usuários.
“Quanto ao atraso constatado, informamos que as obras passaram por processos de desaceleração no cronograma de evolução devido à necessidade de atualização de seus projetos, que sofreram alterações oriundas de amplos diálogos estabelecidos com os permissionários dessas unidades de abastecimento”.
A nota informa que o Mercado de Farinha está na etapa de construção de equipamentos e estruturação metálica da cobertura e o Complexo de Abastecimento avança na construção das unidades comerciais internas, nas áreas dos setores de carne e pescado. “A equipe técnica do Departamento de Feiras, Mercados e Portos (DFMP) da Secon mantém diálogo e assistência permanente junto aos feirantes na utilização da Feira Provisória e qualquer outra necessidade relacionada à sua área de competência”.
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