Após 16 anos, ao ser furtada do acervo de obras raras e especiais do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), em 2008, a obra literária intitulada “Delectus Florae et Faunae Brasiliensis” – que apresenta registros da fauna e flora brasileiras, impressos no século 19 – foi recuperada e retornou à instituição na tarde de terça-feira (23), em programação realizada no Campus de Pesquisa do Museu Goeldi, em Belém.
A entrega, que ocorreu na Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna, foi feita por especialistas do Instituto Itaú Cultural, ao diretor do MPEG, Nilson Gabas Júnior. Na ocasião, o chefe da biblioteca, Rodrigo Paiva, e a curadora da Coleção de Obras Raras do Museu Goeldi, Berenice Bacelar, também estiveram presentes. Hoje, o valor da obra é estimado em R$120 mil.
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De acordo com Nilson Gabas, o processo de recuperação só foi possível a partir do interesse de curadores do Instituto Itaú Cultural em expor a obra mencionada, que foi adquirida em um leilão pelo instituto. No entanto, após observarem marcas que se relacionavam ao Museu Goeldi e cruzarem informações com o banco de dados da Interpol, deu-se início ao processo de consulta junto à instituição paraense, que contou com a perícia técnica de bibliotecários do MPEG e da Polícia Federal.
A curadora Berenice Bacelar participou do processo, realizado em São Paulo, e explicou que, apenas o ‘miolo’ da obra havia sido furtado, dessa forma, a encadernação não é original. No entanto, foi possível confirmar que a obra literária faz parte do acervo do Museu Goeldi a partir dos carimbos secos institucionais que não são apagados, mesmo com lavagem química.
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“Sempre fica um buraco no acervo, então, quando a obra retorna é gratificante. Agora ela vai ter que passar por um período de quarentena e vamos refazer a história dela, como era antes e o que estamos recebendo. Aí vamos contar essa história que vocês estão vendo e vivendo aqui, que vai continuar com o livro”, ressalta.
RECUPERAÇÕES
A publicação escrita pelo naturalista, botânico, zoólogo e entomólogo austro-húngaro-alemão, Johann Christian Mikan (1769-1844), é a terceira obra rara recuperada nos últimos cinco meses do acervo furtado do MPEG em 2008. No total, foram 40 infólios e 20 livros.
Para o diretor, a devolução das obras ao acervo do Museu Goeldi tem valor inestimável. Contudo, destaca que mais incalculável ainda tem sido o esforço da comunidade sensibilizada com a subtração dos manuscritos. “Essa entrega marca um momento histórico e possibilita o acesso aos pesquisadores locais a uma fonte rara de conhecimento, já que a Biblioteca Ferreira Penna é referência para quem quer estudar pela Amazônia. Tem um valor inestimável, sobretudo para a ciência brasileira e a ciência na Amazônia”, pontua.
A obra “Delectus Florae et Faunae Brasiliensis”, do século 19, reúne a pesquisa de Mikan sobre a fauna e flora do Rio de Janeiro. O livro é composto por 24 litogravuras coloridas à mão por Ferdinand Lucas Bauer, Brunner, Buchberger, Funk, Sandler, Satory e Stoll. Rodrigo Paiva, chefe da Biblioteca Ferreira Penna, explica que a obra retrata uma das expedições do naturalista Mikan, que veio ao Brasil acompanhando a princesa Leopoldina, após seu casamento com o príncipe regente D. Pedro I.
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