A impressão 3D de modelos a partir de dados de ultrassom não só oferece uma maneira tangível de visualizar estruturas internas do corpo, mas também pode ser útil para planejar procedimentos médicos complexos, educar pacientes e estudantes, e até mesmo para criar recordações emocionais de gravidez ou de momentos especiais.
No início dos anos 2000, a impressão 3D ainda era uma tecnologia emergente e relativamente cara. Nessa época, poucas empresas e instituições no Brasil investiam nesse tipo de tecnologia de fabricação aditiva. Entre os anos de 2005 e 2010, houve um aumento no interesse e adoção da impressão 3D por parte de universidades, laboratórios de pesquisa e algumas indústrias. Empresas estrangeiras começaram a estabelecer presença no Brasil, oferecendo equipamentos e serviços de impressão 3D.
Durante essa década, a impressão 3D começou a se popularizar mais amplamente no Brasil. Houve um aumento na oferta de equipamentos de impressão 3D por empresas nacionais e estrangeiras, tornando a tecnologia mais acessível para pequenas empresas, escolas e até mesmo entusiastas.
Hoje, a impressão 3D é amplamente utilizada em diversas áreas no Brasil, incluindo engenharia, arquitetura, medicina, moda, educação e indústria. Há uma crescente comunidade de makers, designers e empreendedores que exploram as possibilidades da impressão 3D para prototipagem rápida, produção de peças personalizadas e até mesmo na fabricação de próteses e dispositivos médicos.
A impressão 3D pode desempenhar um papel significativo e impactante na vida de mães com deficiência visual, oferecendo uma série de benefícios e possibilidades que podem facilitar a maternidade e promover a independência. Além de proporcionar um momento emocionante para estas mães, que podem de alguma forma "ver" o filho.
Importância da impressão da ultrassom 3D para mães atípicas
Gabriela Conduru, deficiente visual, relatou sua experiência com ultrassom 3D. Ela conta que quando engravidou, não estava nos planos ter um filho, mas desde criança tinha o sonho de ser mãe. Quando descobriu a gravidez, sentiu um turbilhão de emoções e o medo de como cuidar de uma criança foi substituído pelo sentimento de "eu vou conseguir".
Desde então, ela buscou maneiras de conseguir ver o filho durante a gestação. Foi quando, através de uma amiga, descobriu a ultrassom 3D, que ainda não estava disponível no Pará.
"Soube da existência da ultrassom 3D por meio de uma amiga, também gestante com cegueira, que reside na região sul. Ela me disse que realizavam esse exame e a impressão 3D no Rio de Janeiro, com o Dr. Heron Werner. Entrei em contato com ele, e viajamos até lá. Isso em dezembro de 2016", relata Gabriela.
Após conseguir realizar o ultrassom 3D, Gabriela compartilhou como se sentiu ao conseguir "sentir" o rosto do primeiro filho.
"Acho que não existe palavra para explicar a emoção de poder tocar em algo que, até então, só tinha acesso por descrições feitas por profissionais da saúde ou familiares e que, por mais detalhistas e bem descritas, não é nem nunca será a mesma coisa que poder sentir, com as pontas dos dedos, cada detalhe e perfeição daquele rostinho minúsculo, mas que já tinha monte de características perceptíveis no toque, iguais às minhas ou às do pai. E até hoje, quando toco no rosto 3D e no rostinho do Raul, penso 'e não é que é a cara dele mesmo?'", disse a mãe.
Quando a impressão da ultrassom 3D chegou no Pará
Walquiria Melo foi uma das primeiras a trazer a ultrassom 3D para o estado do Pará e diz que houve resistência nas clínicas quando ela resolveu introduzir a nova tecnologia.
"Já trabalhamos com essa tecnologia há quase 6 anos e estamos sempre em busca de novas possibilidades que a impressão 3D pode oferecer. Foi quando descobrimos que é possível transformar a ultrassom em um modelo para ser 'impresso' e trazê-lo para nossa realidade. Entramos em contato com algumas clínicas para apresentar a ideia, mas acho que não entenderam muito bem o processo. Até que um dia uma clínica nos chamou para falar justamente sobre transformar ultrassom em impressão 3D e assim conseguimos iniciar esse projeto."
Há 6 anos, Walquiria trabalha com a tecnologia, e diz que é sempre emocionante quando os pais conseguem ver de forma mais realista o rosto do filho.
"Já pensou poder sentir de forma única o formato do rostinho de seu bebê que ainda está no útero? É como se pudesse colocar as mãos dentro da barriga e tocá-lo," relatou.
Ela avalia de forma positiva a chegada dessa tecnologia, que é importante não só para a mãe, mas para toda a família, que pode tocar o rosto de uma criança que ainda nem nasceu.
"É algo único. A imagem já não fica só em um computador ou papel, mas possibilita a nós, mães, a experiência de tocar e ver que todas as partes do bebê, como o rostinho, olhos, boca, nariz, entre outros, estão todos perfeitos e o quão maravilhoso é conhecer alguém que nem ao menos nasceu, mas que já é lindo. Sem contar que já fica como o primeiro registro do seu bebê de dentro da barriga, graças à impressão 3D", disse Walquiria Melo.
A responsável por trazer essa tecnologia a Belém ficou emocionada com a história de uma amiga que é mãe e deficiente visual e queria muito conseguir ver o rosto do bebê. Foi quando ela teve a ideia de trazer a inovação para o estado.
Com a impressão da ultrassom 3D, as imagens são mais tangíveis. As mães podem sentir a forma do feto e explorar a estrutura em 3D usando as mãos, o que pode ajudá-las a ter uma compreensão mais profunda do desenvolvimento fetal. Isso ajuda a melhorar sua experiência durante a gravidez, permitindo uma compreensão mais completa do crescimento e desenvolvimento do bebê.
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