Em pleno dia útil, o centro de Belém exibe um cenário atípico para quem está acostumado com o trânsito intenso e as constantes filas de veículos. O período de férias escolares tem transformado a dinâmica do tráfego, proporcionando um raro momento de tranquilidade nas ruas que geralmente são sinônimo de congestionamento. A calmaria traz alívio para alguns, mas também desafios para outros, especialmente os trabalhadores informais que dependem do fluxo constante de pessoas.
Ao percorrer a avenida Nazaré, próximo a um colégio situado entre a travessa Quintino Bocaiúva e avenida Generalíssimo Deodoro, onde normalmente o trânsito é engarrafado, observou-se um movimento bem mais tranquilo. Próximo, na avenida Generalíssimo Deodoro, entre as avenidas Nazaré e Governador José Malcher, a redução no fluxo de veículos é perceptível.
Raimundo Nonato, de 47 anos, é vendedor ambulante há 33 anos. Ele compartilha que há uma queda drástica nas vendas durante o período de férias escolares, e explica que o movimento intenso nos dias de aula, apesar de caótico, é essencial para seu sustento. “Antes das férias, das oito da manhã até duas da tarde é normalmente caótico o trânsito e, consequentemente, o movimento de pessoas dos ônibus e carros comprando”, diz. Sobre o reflexo nas vendas, conta que antes vendia duzentos salgados e agora são cinquenta.
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João Carlos Duarte, 44, também ambulante, nota uma diminuição significativa no fluxo de carros e pessoas próximo a um colégio situado na av. Magalhães Barata, em São Brás, e, por conseguinte, nas suas vendas. “A realidade é que a gente tem que se resguardar, passar todo o ano guardando dinheiro pra poder suprir nesse período em que quase não há vendas”, pontua.
Já na av. José Bonifácio com a av. Gentil Bittencourt, também em São Brás, por outro lado, para Ivo Moacir Rodrigues, 62, motorista de caminhão, o período de férias escolares representa um impacto positivo no seu dia a dia. “Tenho observado que o trânsito diminuiu bastante, está fluindo, não tem tanto engarrafamento como na época das aulas”, comenta. Ivo, que sai de casa às 5h30 e retorna às 18h, encontra agora uma cidade mais fácil de se locomover. “Está uma beleza. A gente não se estressa tanto com o trânsito”, complementa.
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A situação traz à tona a discussão sobre a mobilidade urbana em Belém e as possíveis soluções para melhorar o trânsito fora do período de férias escolares. Novos transportes públicos e ciclovias poderiam ajudar a reduzir o número de carros nas ruas. “É preciso facilitar a retirada de ônibus que, por exemplo, já não têm mais condição de rodar. Isso diminuiria o trânsito”, opina Ivo.
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