
Folia e conscientização ambiental. Esta é a proposta do bloco Pretinhos do Mangue, que chegou neste ano na 36ª edição no município de Curuçá, no nordeste paraense. Com o tema “Na Folia do Mangue, Nossa Consciência se Renova: Menos Lixo, Mais Natureza!”, o bloco reafirmou seu compromisso com a preservação ambiental e valorização dos manguezais. Foram dois dias de folia, no domingo (2) e ontem (4).
O presidente do bloco, Edmilson Campos, 47, há 25 anos está na liderança do Pretinhos do Mangue. “Gosto da questão ambiental. Vivi e me criei no mangue de onde muita gente tira o sustento. Fazer o Pretinhos é uma satisfação por poder levar consciência ambiental e alegria”.
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O barro do mangue da Reserva Extrativista Marinha Mãe Grande Curuçá foi o “abadá” dos foliões, embalados por seis carretinhas. Cerca de 17 mil pessoas eram aguardadas para o bloco ontem. “Maré encheu, maré vazou. No Pretinhos do Mangue vou brincar com meu amor” era o refrão do hit que estava na boca dos foliões.
Os autônomos Jacirene Brito, 61, e Roberto Cavalcante, 50, viajaram do bairro 40 Horas, em Ananindeua, no sábado (1), e vão embora na quinta-feira (6), para aproveitar ao máximo a cidade. Anualmente, o casal trabalha no bloco com a venda de roscas. “Nós pretendemos nos mudar para cá em breve e aproveitar mais ainda a cidade”, confessa Jacirene.
Os brincantes caminharam até o Porto Pretinhos do Mangue, para acessar o manguezal, depois foram para a rua do desfile, a travessa Sete de Setembro. O desfile terminou em frente ao prédio da Prefeitura de Curuçá, em um percurso de cerca de 1,5 quilômetro.
Da Cidade Nova, em Ananindeua, a cabeleireira Irá Santos, 58, realizou um sonho antigo: viver o Carnaval do Pretinhos do Mangue. Irá afirma que este foi o primeiro de muitos, pois pretende voltar outras vezes para participar do bloco. “Aqui é maravilhoso. É incrível poder presenciar isso tudo pessoalmente, algo que eu sempre quis nessa época do ano”.
O carro abre-alas foi um dos destaques, com um caranguejo medindo quatro metros de comprimento e um metro de altura, com garças e guarás que simbolizam o cenário do mangue.
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Outro carro que fez parte da folia foi o Carro da Barraca do Pescador, em parceria com o Bloco Curral do Piça, que apresenta a culinária local com peixe assado e caranguejo distribuídos ao final da programação. Este ano a novidade foi o Carro Baiacu, uma alegoria do peixe esculpida em ferragens vazadas que simbolizou a importância da preservação ambiental com relação ao descarte de lixo, servindo o carro como depósito para latinhas e garrafas pets.
O autônomo Elivaldo Neves, 48, morador do bairro da Pedreira, em Belém, já participa há seis anos do bloco. “É uma festa onde usar o abadá de barro no corpo faz bem”.
De Vila do Conde, em Barcarena, o eletricista Marcos Aurélio, 45, diz que o bloco tem uma característica única que não é vista em nenhum outro: o abadá natural. “A gente só vê isso aqui, em Curuçá. O abadá dos brincantes vem da natureza. Como não gostar desse Carnaval?”.
O atendente de loja Gabriel Paixão, 20, e a dona de casa Mayra Silva, 19, moradores de Curuçá, sempre assistiram ao bloco. Neste ano eles decidiram, pela primeira vez, usar o barro no corpo e cair na folia. “Esse ano foi diferente e resolvemos vir brincar também com o ‘abadá’ do Pretinhos”, disse Mayra.
O passo inicial do Pretinhos do Mangue se deu a partir do Carnaval de 1989, quando os amigos Everaldo Campos e Sebastião Araújo, ao perceberem a escassez de caranguejos no mangue, resolveram protestar de forma criativa, desfilando lambuzados de barro e fantasiados com galhos do mangue.
Deste jeito irreverente e consciente nasceu o Pretinhos do Mangue. Desde então, o bloco cada vez mais atrai foliões. Em 2010, foi reconhecido como Patrimônio Cultural do Estado do Pará e do Município de Curuça.
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