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Gatificação: felinos moldam novos espaços e são mais felizes

Fenômeno mistura bem-estar animal, arquitetura e vínculos afetivos em lares cada vez mais felinos

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Imagem ilustrativa da notícia Gatificação: felinos moldam novos espaços e são mais felizes camera A procura com ambientes personalizados para melhor conforto de gatos e tutores é cada vez mais constante | Freepik

A presença de gatos como animais de estimação tem se tornado cada vez mais relevante no cotidiano urbano, influenciando até mesmo o modo como os ambientes domésticos são projetados. A chamada “gatificação” — termo que descreve a adaptação de espaços residenciais às necessidades dos felinos — ganhou força durante a pandemia de Covid-19, período em que muitas pessoas passaram mais tempo em casa e buscaram companhia em animais de estimação.

Estima-se que o Brasil possua a terceira maior população de pets do planeta, com algo entre 150 e 160 milhões de animais, mais de três vezes a população do estado de São Paulo, o mais populoso do país. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), os cães representam a maioria dos pets no país, com cerca de 60 milhões. Em seguida, aparecem as aves (40 milhões) e, em terceiro lugar, os gatos (30 milhões).

São mais de 30 milhões de gatos no Brasil
📷 São mais de 30 milhões de gatos no Brasil |Freepik

Um conceito presente na arquitetura contemporânea é o das casas e construções adaptadas para animais de estimação, especialmente para gatos. Essa ideia ganhou força a partir do termo criado pelo arquiteto Jackson Galaxy, em 2014, que propõe ambientes pensados para compartilhar o espaço com gatos, integrando suas necessidades ao estilo decorativo da residência. O conceito reforça a crescente importância dos pets no planejamento de interiores.

Gatos influenciam a arquitetura

A arquiteta Ana Alice Silva, de 22 anos, é um exemplo dessa tendência. Apaixonada por gatos desde a infância, ela escolheu como tema de seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) o desenvolvimento de um projeto de design de interiores voltado para a convivência harmônica entre humanos e felinos.

"Desde que me entendo por gente, convivo com gatos. Andava mais com os meus gatos do que com minhas tias que, por sinal, também adoram gatos. Quando passei no vestibular, uma tia disse que era doida para decorar a casa dela, mas que isso dependia dos gatos: se eles iriam ou não arranhar os móveis. Ela até brincou dizendo que meu trabalho deveria ser sobre os gatos dela", contou a arquiteta.

A arquiteta Ana Alice usou a paixão por gatos como combustível para fazer um trabalho voltado para eles e seus tutores
📷 A arquiteta Ana Alice usou a paixão por gatos como combustível para fazer um trabalho voltado para eles e seus tutores |Divulgação

Durante o isolamento social, Alice passou a consumir conteúdos sobre adaptação de ambientes para gatos, especialmente em plataformas como o TikTok. A inspiração serviu de base para a construção do projeto final do curso.

"Durante a pandemia, comecei a observar muitas pessoas criando estruturas para seus gatos, especialmente no TikTok. A partir daí, decidi: vou pesquisar isso até o fim, com enfoque no design de interiores. Será que o tema seria aceito? Foi um trabalho que amadureceu durante os meus cinco anos de faculdade", disse.

No projeto, a casa da tia foi totalmente desenhada para oferecer um ambiente mais adequado aos gatos, com combinação de cores, texturas e móveis adaptados, com entradas semelhantes a playgrounds e outras estruturas para os animais se sentirem cada vez mais confortáveis.

Confira!

Adoção cresce e reforça o vínculo com felinos

Dados do Instituto Pet Brasil, em 2018, apontavam que cerca de 1,21 milhão de gatos estavam em situação de rua. Em 2020, esse número saltou para 2,7 milhões. Ainda assim, a adoção tem crescido. Segundo levantamento do Radar Pet, em 2021, 84% dos felinos brasileiros foram adotados, um reflexo direto do período pós-pandemia.

O objetivo central do trabalho, segundo Ana Alice, é poder, de alguma forma, reduzir os altos índices de abandono animal e o preconceito que se tem com os gatos como verdadeiros destruidores de objetos.


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A ideia nasceu de um incômodo real: o preconceito com os gatos dentro dos lares. Muitas vezes, eles são vistos como vilões, que arranham móveis ou 'destroem' objetos. O meu trabalho busca desconstruir isso. Ganha o gato, que se sente mais à vontade no ambiente, e ganha o tutor, que passa a conviver melhor com o animal. No fim das contas, meu trabalho tem um propósito maior: combater o preconceito de que gatos são destrutivos e mostrar que é possível adaptar a casa sem abrir mão do estilo ou da convivência harmoniosa. Um sonho realizado seria ver minha pesquisa contribuir para reduzir os índices de abandono

Ana Alice Silva, Arquiteta
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Vale ressaltar que a convivência com gatos pode gerar impactos positivos na saúde física e mental dos tutores. Estudos apontam que a interação com os felinos contribui para a redução do estresse, melhora o sistema imunológico e pode até diminuir o risco de doenças cardiovasculares. No entanto, é fundamental garantir que as necessidades dos animais sejam atendidas, especialmente em termos de alimentação adequada, estímulos ambientais e cuidados veterinários.

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Humanização e seus impactos

A humanização dos pets é impulsionada por mudanças sociais, como a queda na taxa de natalidade e a busca por vínculos afetivos em um cenário cada vez mais digital e isolado. Em muitos lares sem filhos, os animais ocupam papel central no convívio familiar, recebendo cuidados semelhantes aos destinados a crianças.

A psicóloga Laís Milani, do Instituto Nacional de Ações e Terapias Assistidas por Animais (Inataa), afirmou em entrevista ao portal DW.com, em setembro de 2023, que esse comportamento é reflexo da sociedade contemporânea.

“A humanização dos pets é um reflexo da sociedade moderna, onde as pessoas buscam proximidade e afeto em um mundo cada vez mais isolado e digitalizado", explicou.

Entre os benefícios desse comportamento estão o investimento em alimentação de qualidade, consultas regulares ao veterinário e enriquecimento ambiental. Essa atenção contribui para o bem-estar dos animais e fortalece o vínculo emocional com os tutores.

Por outro lado, especialistas alertam para os riscos da humanização excessiva. Atribuir características humanas aos gatos pode gerar mal-entendidos quanto às necessidades reais da espécie. Práticas como oferecer alimentação inadequada ou limitar a autonomia dos felinos podem causar estresse, ansiedade e problemas de saúde.

“Hoje, os animais têm um valor afetivo enorme nas famílias. E a gatificação também ajuda a evitar um erro comum: tratar o gato como se fosse um humano. Eles são diferentes, e é justamente ao respeitar isso que a gente cria um ambiente melhor para todos. Cada gato é único, e o design pode (e deve) respeitar essa individualidade”, afirmou Ana Alice.

O segredo para melhor harmonia com o seu pet, é tratá-lo como tal
📷 O segredo para melhor harmonia com o seu pet, é tratá-lo como tal |Freepik

Sala personalizada para seis animais

Outro exemplo de cuidado com os bichanos é da profissional de beleza Vitória Reis. Há cerca de três anos, ela e o marido tiveram a ideia de separar um espaço exclusivo para o convívio dos seus seis gatos.

Vitória e seus seis gatinhos
📷 Vitória e seus seis gatinhos |Divulgação

"Eu e meu esposo tivemos a ideia de montar o parquinho para que eles tivessem um lugar seguro para dormir e brincar. Toda a estrutura fica, basicamente, na sala de casa, de onde os gatos têm acesso a todos os cômodos. Criamos tudo isso para que eles se divirtam dentro de casa e não precisem ir para a rua", disse.

Os móveis foram encomendados a uma empresa especializada, a "Gato Pavulagem", que os confeccionou sob medida e adaptou à parede da casa de Vitória, transformando o local em um espaço exclusivo para os gatos.


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A gente decidiu fazer o parquinho pra eles terem um cantinho só deles, né? Como eles não têm acesso à rua e gostam de escalar, correr, pular, de lugares altos, achamos que o parquinho seria uma solução ideal pra eles se sentirem mais à vontade. Eles adoram ficar na parte de cima e, principalmente, na redinha – é o lugar favorito! E basicamente foi isso. Como a gente também trabalha em casa, eles acabavam ficando muito no sofá, no balcão... então o parquinho também veio como uma forma de dar um espaço só pra eles dormirem e brincarem, sem ocupar tanto os outros cantos da casa, tipo mesa, balcão e tal. Apesar de que, mesmo com o parquinho, eles ainda ocupam, né?

Vitória Reis, Profissional de Beleza
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Espaço de convivência para os gatos
📷 Espaço de convivência para os gatos |Divulgação

Outro ponto interessante foi a instalação de uma fonte em formato de torneira na casa, com o objetivo de incentivar os animais a beberem mais água. Isso tem surtido efeito, já que a água não fica estagnada, e estudos indicam que gatos não costumam consumir água parada.

"Essa torneirinha é muito importante para os gatos. Ela é uma fonte que imita uma torneira aberta, mas não é uma torneira de verdade, ela é mágica, não está ligada a nada. Isso é essencial para os gatos, porque eles não costumam beber muita água e não gostam de água parada. Quando você tem uma fonte, ou, nesse caso, uma torneira como essa, eles se sentem mais atraídos e acabam bebendo mais água. E foi exatamente isso que aconteceu, todos começaram a beber mais", finaliza.

Arquitetura adaptada e bem-estar animal

O conceito de “gatificação” responde a essa nova realidade. Ao integrar as necessidades naturais dos gatos à arquitetura, é possível oferecer um ambiente mais saudável e seguro tanto para os animais quanto para os humanos. Projetos como o de Ana Alice Silva mostram como a arquitetura de interiores pode se adaptar à convivência interespécies, promovendo bem-estar e funcionalidade.

Vale ressaltar que, segundo a arquiteta, a técnica não é um privilégio para poucos. Todos podem, mesmo com poucos ou nenhum recurso, melhorar a vida dos felinos com pequenas adaptações em casa.

“E para quem pensa que só é possível adaptar uma residência com muito dinheiro, eu digo: não. Às vezes, só o uso correto das cores já faz diferença. Observar o comportamento do seu gato já é um passo. Gatificar é proporcionar conforto, não precisa ser caro, mas sim feito com atenção e cuidado”, concluiu.

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