
Celebrado em 28 de agosto, o Dia Nacional do Voluntariado destaca a força transformadora de quem dedica tempo, talento e solidariedade para ajudar o próximo. Mais do que um gesto de generosidade, a data reforça a importância do engajamento social como ferramenta de mudança coletiva, valorizando histórias de pessoas que fazem da empatia uma prática diária em comunidades, instituições e projetos sociais em todo o Brasil.
A ONG Paravidda foi fundada no auge do crescimento da epidemia de Aids no Pará, em 1992, sendo a primeira organização não-governamental a falar e acolher abertamente pessoas vivendo com HIV/Aids que não tinham rede de apoio. Atualmente, o projeto é voltado ao atendimento social de pessoas em situação de vulnerabilidade que convivem com o vírus da imunodeficiência humana, por meio da prevenção, assistência, cuidado e combate ao preconceito, tendo um dos principais focos a segurança alimentar.
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Sendo assim, os pacientes chegam à ONG através do atendimento em centros de serviço especializado em doenças infecciosas adquiridas, como é o caso da Casa Dia. São pessoas de baixa renda, com baixa escolaridade e que sem acesso a benefícios sociais de renda mensal. Com uma equipe multiprofissional, os atendidos chegam à ONG referenciados de centros de atenção à doenças infecciosas adquiridas, como é o caso da Casa Dia, para receber informações sobre a importância da continuidade do tratamento.
“Aqui nós trabalhamos a adesão ao tratamento. O paciente precisa estar bem para ter qualidade de vida. Hoje, a Aids não mata mais como antigamente porque o tratamento é muito mais tecnológico, mas ela mata se a pessoa não faz um tratamento adequado. O nosso papel é dizer que a pessoa precisa estar com todas as vacinas em dia, tomando o medicamento regularmente e fazendo as consultas, principalmente se ele for um paciente co-infectado, quando tem tuberculose, hepatite. Fomentamos que ele faça o tratamento correto através da segurança alimentar”, explica o presidente da Paravidda, Jair Santos.
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Atualmente, a ONG conta com o “Programa de Segurança Alimentar” que tem 100% de adesão pelos 1,5 mil usuários atendidos. Do número total, 80 famílias ainda recebem uma cesta básica mensal para dar continuidade ao propósito do programa.
“Também entendemos que não adianta só cuidar de quem já está doente, o que é importantíssimo, mas precisamos trabalhar também a prevenção. Antigamente, em 1988, não tínhamos quase nada, somente o medicamento AZT. Hoje temos toda uma tecnologia, novas ferramentas, para nos prevenir além do uso do preservativo. Temos a PrEP e a PEP, além de uma série de métodos. Precisamos entender que a população continua se infectando, principalmente a juventude porque não viveu aquele período do surgimento da Aids. São muitos fatores que ainda impactam a vida de uma pessoa vivendo com HIV e o maior deles é o preconceito”, destaca.
Família
Membro do Paravidda desde 2000, Jair Santos iniciou no voluntariado após o falecimento do pai, paciente oncológico. Na época, sem condição emocional para se envolver na causa do câncer, ele decidiu ajudar na ONG, a qual é presidente desde 2009, após ler uma matéria sobre a atuação do projeto no DIÁRIO DO PARÁ. Foi com a vontade de ajudar que o então cabeleireiro chegou à sede da organização em busca de informação sobre como se tornar voluntário. Desde esse episódio, há 25 anos, que ele se apaixonou pelo trabalho e hoje viaja o Brasil e o mundo levando conhecimento sobre o HIV/Aids.
“Eu amo muito o que faço, faço com muito amor. O voluntariado hoje me mantém vivo. Fiz 60 anos, já perdi pai, perdi minha mãe, e hoje a minha família também são os pacientes. Quando faço palestra, não falo como presidente, nem assistente social, faço como uma família porque às vezes eles não têm amor na casa, não são acolhidos. O voluntariado me trouxe a possibilidade de ter um olhar mais humano, de ver uma pessoa com empatia. Nunca são ‘vocês’, somos sempre ‘nós’ até porque a Aids não define uma pessoa. O que me motiva é olhar todos os dias e ver que eles precisam de mim e saber que, de alguma forma, eu contribuo para a melhoria da qualidade de vida deles”, afirmou.
“Doamos um pouco que a gente tem para atender aqueles que não têm nada”
Criada em março de 1999, a Associação Voluntariado de Apoio à Oncologia (Avao) é uma entidade filantrópica que presta assistência a pessoas em tratamento do câncer que realizam tratamento no Hospital Ophir Loyola (HOL). Com início da atuação dentro da instituição médica, desde 2003 a Avao possui endereço próprio, na travessa 14 de Abril, onde oferece refeições; oficinas de artesanato, musicoterapia, crochê e pintura em tecido; atividades recreativas, além de doação de roupas, fraldas e medicamentos aos pacientes oncológicos.
Atualmente, a associação conta com 30 voluntários ativos, atendendo a mais de 600 pacientes e 300 acompanhantes somente no mês de julho, quando foram distribuídas mais de 1,8 mil refeições, 89 cestas básicas e cerca de 5,2 mil fraldas.
A presidente da Avao, Ana Klautau Leite, chegou à instituição em abril de 1999, através da indicação de um conhecido, após um episódio delicado na vida pessoal. Dois anos depois, em 2001, ela se tornou presidente da associação, cargo o qual ocupa até hoje, após uma breve pausa em 2023. Foi no acolhimento a pessoas com câncer que ela encontrou o conforto que precisava ao se doar ao próximo por meio da escuta, do carinho e atenção.
“A gente está doando o pouco que a gente tem, que é a vida e o nosso trabalho para atender aqueles que não têm nada. A pessoa pensa que vai chegar aqui e se doar, não. Eles que se doam para nós. Nós vemos a coragem, a força deles e isso fica na gente. Ninguém pensa que vai se acabar, não se acaba, é uma força, uma lição. Eles não param para pensar na vida, eles vivem mesmo na adversidade, vivem a vida deles. Nós sentimos a presença de Deus aqui porque nós precisamos da ajuda das pessoas e a nossa comunidade não nos deixa na mão”, relatou.
CONECTAR
A Associação Conectar é um grupo criado em 2022 por amigos no intuito de conectar o próximo e ajudar quem mais precisa, através da distribuição de refeições, roupas e kits de higiene. Atualmente com 794 membros, os voluntários desenvolvem diversos projetos sociais, voltados à atenção, assistência e escuta ativa de pessoas em situação de rua; e o acompanhamento de crianças de comunidades em situação de vulnerabilidade socioeconômica, através de atendimento médico, odontológico e atividades culturais.
Em 2024, somente na ação de rua, o Conectar atendeu a mais de 4,8 mil pessoas. Já este ano, ao todo foram mais de 3.220 pessoas acolhidas de alguma forma pela associação. Com mais de 700 voluntários, o grupo de trabalho é dividido em subgrupos, que atuam no marketing, na organização das ações, atendimento à saúde, reunindo diversos profissionais, como odontólogos, advogados e nutricionistas.
A atividade solidária sempre foi o desejo da advogada Melissa Barbosa. Em 2022, ela foi uma das voluntárias que se reuniu com os amigos para fazer uma ação social: um jantar em prol de pessoas em situação de rua. Desde o início, a ideia era fazer diferença na vida de pessoas invisíveis, mas que precisam de mais atenção da sociedade e do poder público. Foi assim que nove pessoas abraçaram o desafio enquanto projeto com o propósito de “conectar pessoas e fazer a diferença”, lema da atual Associação Conectar.
Durante três anos de escuta ativa e o cuidado com pessoas socialmente vulneráveis, Melissa revela que a gratidão é o que dita o trabalho voluntário desde o primeiro dia até hoje. “O sentimento que eu carrego em toda a ação e nas situações da vida é a gratidão. É muito gratificante estar ali ajudando, escutando as pessoas, entregando um alimento, brincando com as crianças, é um sentimento que permanece desde as primeiras ações até hoje. É muito reconfortante saber que você ajudou alguém nesse mundo que tem muitas pessoas ruins e realidades difíceis de ouvir. E você tá ali ajudando com o seu tempo, seu dinheiro, com a sua mão de obra, dá um quentinho no coração saber que você está cercado de pessoas com o mesmo propósito na vida”, disse a voluntária.
Para saber mais, acesse a edição eletrônica do jornal Diário do Pará
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