Aumento de mortes de motociclistas nas rodovias federais preocupa PRF

Em um país onde as estradas são palco diário de deslocamentos, trabalho e lazer, o trânsito segue refletindo hábitos, escolhas e riscos que vão além do simples ir e vir. Datas festivas, férias e feriados prolongados costumam intensificar esse cenário, exigindo atenção redobrada das autoridades e dos condutores. É nesse contexto que a segurança viária volta ao centro do debate nacional, especialmente diante de números que revelam um retrato preocupante da mobilidade brasileira.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) lançou, na terça-feira (16), a edição 2025/2026 da Operação Rodovida, programa que reforça ações de fiscalização e conscientização em rodovias federais e vias urbanas. A iniciativa concentra esforços em períodos de maior fluxo, como férias escolares, Natal, Ano Novo e Carnaval, com o objetivo de reduzir sinistros e preservar vidas no trânsito.

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Durante o lançamento, a PRF destacou o crescimento expressivo das mortes envolvendo motociclistas. Em 2025, os óbitos de condutores de motocicletas nas rodovias federais já superam em 38% as mortes de motoristas de automóveis. Entre janeiro e novembro deste ano, foram registradas 1.594 mortes de motociclistas, contra 1.151 de condutores de carros.

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ALERTA PERMANENTE

A tendência de alta se repete nos anos anteriores. Em 2023, o número de motociclistas mortos chegou a 1.560, enquanto em 2024 esse total subiu para 1.754, consolidando um cenário de alerta permanente para os órgãos de trânsito.

Os dados também mostram aumento no número de sinistros. De janeiro a novembro de 2025, a PRF contabilizou 29.317 ocorrências envolvendo motocicletas, acima dos 28.894 registros no mesmo período de 2024. As principais causas estão ligadas ao comportamento dos condutores, como ausência de reação, reação tardia ou ineficiente e entrada na via sem observar outros veículos.

FALTA DE HABILITAÇÃO

Outro fator que pesa nas estatísticas é a falta de habilitação. Estimativas apontam que, dos mais de 32,5 milhões de proprietários de motocicletas no país, cerca de 17,2 milhões não possuem Carteira Nacional de Habilitação (CNH) na categoria A, exigida para condução desse tipo de veículo.

O crescimento acelerado da frota também agrava o problema. Dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) indicam que, em outubro de 2024, o Brasil já somava 34,2 milhões de motocicletas em circulação, o equivalente a 28% de toda a frota nacional.

POSTURA DOS CONDUTORES

Criada em 2011 e transformada em programa de governo em 2021, a Operação Rodovida é considerada a maior ação de segurança viária do país. A iniciativa reúne diferentes órgãos de fiscalização e segue as metas do Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans), alinhado às diretrizes da ONU, que prevê reduzir em 50% as mortes no trânsito até 2030.

Para o coordenador-geral de Segurança Viária da PRF, Jeferson Almeida, a mudança desse cenário passa diretamente pela postura dos condutores. "É indispensável que os motociclistas estejam atentos ao entorno e respeitem normas básicas, como limites de velocidade e locais permitidos para ultrapassagem. Essas atitudes são fundamentais para reduzir a letalidade dos sinistros envolvendo motocicletas", ressaltou.