Um espaço sem fronteiras, com limites difíceis de serem definidos, mas que ainda assim obedece às mesmas regras que precisamos seguir fora dele. Com a popularização da tecnologia e das redes de computadores, os chamados crimes informáticos, e-crimes, cybercrimes, crimes eletrônicos ou crimes digitais aumentam proporcionalmente. Apenas em 2012, 28,3 milhões de brasileiros foram vítimas deste tipo de delito, que causaram um prejuízo equivalente a 15,9 bilhões ao país, segundo a corporação especializada em segurança virtual Symantec. 

Na última quarta-feira (22), o mestre em Direito Penal e Criminologia, Spencer Toth Sidow, da Universidade de São Paulo (USP), esteve em Belém lançando o livro “Crimes Informáticos e Suas Vítimas”. Na publicação, o especialista aborda de que forma as vítimas de crimes virtuais são corresponsáveis pelos delitos. “Se uma pessoa estranha ou site nitidamente falso pede o número do cartão de crédito e a pessoa, de forma irresponsável, dá, a culpa de ser vítima de estelionato também é dela. É como se eu defendesse alguém que foi atropelado porque pulou em cima de um carro em movimento”, compara. 

Segundo o professor Sidow, os crimes mais comuns na internet são os patrimoniais, como o estelionato, crimes contra a propriedade intelectual, como reprodução ou apropriação indevida de peças com direitos autorais e falsidade ideológica. No entanto, no topo do ranking, segundo o especialista, estão os crimes contra a honra, como calúnia e difamação. “As pessoas se sentem muito seguras atrás de um computador, pensam que estão imunes e que nada vai acontecer a elas. É importante que se tome ciência de que você tem responsabilidade por tudo que faz na internet. Difamar alguém no Facebook, por exemplo, é crime”, alerta.

Graças a um tutorial ensinando como detectar e evitar uma adulteração em um caixa eletrônico do banco Itaú, o professor Spencer ganhou grande repercussão no Youtube, popular site de compartilhamento de vídeos. “Existem muitos sistemas de adulteração. Como caixas eletrônicos são iguais em todo o mundo, as pessoas não atentam para os detalhes”, explica Sidow.

(Diário do Pará)

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