Protestos feitos ontem pela manhã na Reitoria da Universidade Federal do Pará (UFPA) obrigaram que se transferisse para ambiente eletrônico (via internet) a votação do Conselho Superior Universitário (Consun) da UFPA sobre a adesão dos Hospitais Bettina Ferro de Souza (HUBFS) e João de Barros Barreto (HUJBB) à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), prevista para esta quarta. 

Desse modo, os conselheiros participam de votação online prevista para encerrar hoje. A reunião extraordinária do Conselho, que começou às 9h de ontem, não pôde ser concluída por causa de manifestações contrárias à Ebserh.

Além de fechar o prédio da Reitoria da UFPA, onde deveria acontecer a reunião, os manifestantes também ocuparam o Centro de Eventos Benedito Nunes (CEBN), para onde os conselheiros se dirigiram para participar da votação. Houve tumulto na entrada do centro.

Logo após declarar aberta a sessão, o presidente do Consun e reitor da UFPA em exercício, Horácio Schneider, acabou cercado e foi empurrado pelos manifestantes, que ocuparam o palco do centro de eventos. Schneider então definiu que a votação precisaria ser feita a distância, “a fim de preservar a segurança dos votantes e também o patrimônio da UFPA”. Ele declarou que a sessão permanecia aberta e se retirou do local. 

Na saída dos conselheiros do CEBN, mais tumultos: manifestantes perseguiram o reitor em exercício da UFPA até o Centro de Capacitação, onde houve tentativa de quebra-quebra.

Segundo a assessoria de comunicação da UFPA, a Secretaria Geral dos Conselhos Superiores enviou mensagens para cada conselheiro informando a realização da votação eletrônica e solicitando que os representantes da comunidade e unidades acadêmicas da instituição manifestem seu voto. Os primeiros votos começaram a chegar ainda ontem. Segundo a UFPA, o resultado será divulgado assim que a votação estiver concluída.

Protestos

Os manifestantes argumentam que a possível adesão dos hospitais universitários à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares seria uma quebra de autonomia da universidade - colocando serviços públicos sob a autonomia da iniciativa privada. “Os hospitais universitários são unidades de formação de ensino, pesquisa, extensão e assistência à população carente. A empresa irá trazer muitas possibilidades de alteração no sistema de atendimento que é feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e na própria natureza no aspecto acadêmico”, diz a diretora adjunta da Associação de Docentes da UFPA (Adufpa), Suelene Pavan.

Os manifestantes afirmam ainda que há necessidade de ampliação do debate sobre o tema junto à comunidade acadêmica. Segundo Diego Silva, representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE), desde o ano passado há solicitação para discutir a questão. “Até agora houve apenas uma apresentação dos problemas financeiros dos hospitais. É impossível que uma universidade do tamanho da UFPA consiga realizar este debate em apenas um mês. Seria viável a ampliação do debate até abril. Há prazo até julho de 2014 para a adesão da empresa”.

Respostas 

Integrantes do conselho e representantes da administração da UFPA mais uma vez negaram a possibilidade de privatização do atendimento.

O representante dos estudantes no Consun, Nelson Nasser, criticou os atos. “Sou contra manifestação antidemocrática e agressão física para evitar votação. Já tivemos tempo e acesso a documentos e informações suficientes para votar”. 

“A decisão será tomada pelo Consun e não abriremos mão disso. Nenhum segmento da universidade pode impor decisões. Os membros do conselho devem debater e votar. Isso é garantir a autonomia e a democracia na universidade”, declarou o pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação da UFPA, Emmanuel Tourinho.

(Diário do Pará)

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