Atuando há décadas nesta região, o combativo sociólogo e engenheiro agrônomo Raimundo Gomes da Cruz Neto observa que o processo de destruição de Parauapebas é visível.

Um exemplo é que os morros verdes que sempre compuseram a paisagem da cidade estão sendo cobertos de barracos em áreas de ocupações ou cortados num processo afoito de terraplenagem para construção de loteamentos urbanos, destinados a quem pode pagar por um terreno.

Algo visível é a destruição das margens dos rios para extração de seixo e areia, sobretudo na área do Cedere I, no PA Carajás III, onde a prática que alimenta a construção civil está destruindo igarapés, nascentes e deixando grandes crateras.

Ele chama atenção para o fato de que o município de Parauapebas tem uma área pequena, porque boa parte é a Floresta Nacional de Carajás e outra parte razoável é onde está a reserva indígena dos Xikrin do Cateté. “Dentro de pouco tempo, o espaço vai ficar inviável para sobrevivência humana”, alerta.

A especulação que se forma em torno desse modelo de exploração é inacreditável. Vendedores de material para construção faturam alto. Para se ter uma ideia, há comerciantes que compram o volume de uma caçamba com 15m³ de areia a R$ 50 e vendem na cidade a R$ 70, apenas 1m³. Nessa matemática, o comerciante ganha R$ 1 mil, tirando os R$ 50 que gastou inicialmente.

É óbvio que numa situação como esta, os índices de violência só podem mesmo é subir, ainda mais porque muita gente desembarca todos os dias na cidade em busca de emprego, mas sem muitas vezes ter a qualificação necessária que o mercado exige.

Com isso, aumentam os furtos, roubos, prostituição, uso de drogas (principalmente o crack) e junto com isso os homicídios.

(Sucursal Marabá/Diário do Pará)

MAIS ACESSADAS