O geógrafo Bruno Malheiro, professor da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) vai mais longe em sua análise: “Quando falamos nos impactos não podemos nos restringir às áreas de exploração, pois o impacto da mineração é efetivamente regional, não só porque retira de seus territórios várias comunidades por onde passa, mas porque estimula uma dinâmica migratória, acelerando o crescimento periférico das cidades, alargando as áreas de ocupação sem responder a estas pessoas que chegam, em termos de serviços e qualidade de vida”.

Por isso, observa o professor, as cidades do sul e sudeste do Pará apresentam, em termos de habitação, segundo o Plano Estadual de Habitação de Interesse Social, mais de 90% de carência de infraestrutura e um déficit habitacional que ultrapassa os 40%. Isso para não falar que a mineração produz uma receita tributária para o Estado irrisória se comparada aos lucros das empresas.

O pior de tudo isso, na avaliação do professor, é que, diante de tanta contradição, as notícias sempre são animadoras, as manchetes sempre encaram isso como desenvolvimento e progresso. “Nossa região sempre é a região do futuro que, inclusive, esquece que este futuro já foi prometido anos atrás e nunca chegou, nos projetamos para frente esquecendo a nossa história e esquecendo nossas reais necessidades presentes”, alerta.

(Sucursal Marabá/Diário do Pará)

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