Dependente do sistema público de saúde, a estimativa de Márcia Lobato é praticamente a mesma. A diarista também acredita que o posto não funcione no local já há três anos, mas o principal agravante, para ela, é a situação de perigo proporcionada pelo abandono do prédio. “Isso aí poderia estar funcionando como antes. A população da Terra Firme cresceu e, ao invés de aumentar o atendimento, a gente vê esse tipo de serviço fechar”, reclama. “Isso aí fica tomado por moradores de rua, usuários de drogas e é um risco para as pessoas também. Eu, que tenho que sair de casa ainda de madrugada para trabalhar, fico com medo de sair alguém aí de dentro de repente para me assaltar, não sei...”

Sem que o prédio seja usado para benefício da própria população, ela reforça que o abandono do local por parte do poder público gera também desperdício do dinheiro público. “Isso aí foi feito com dinheiro nosso. É uma vergonha estar assim desse jeito”, acredita. “Tá horrível a situação da saúde aqui pra gente, se é que se pode chamar isso de saúde”.

Morador do bairro há 57 anos, o açougueiro Antônio Souza desgosta-se com o serviço público de saúde oferecido não apenas na Terra Firme, mas em todo o Estado. “A nossa situação é a pior possível e é em todo o Estado. A Terra Firme é totalmente esquecida. A revolta maior que eu tenho é disso”, não esconde a raiva. “A gente precisa de atendimento de saúde que preste aqui e fica esse negócio aí abandonado. Essa unidade aí é dinheiro da gente que tá sendo jogado pelo ralo”.

A reportagem fez contato com a assessoria da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), mas não teve retorno. 

(Diário do Pará)

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