O subtenente Antônio Luiz Noia Silva é um homem temido em Itaituba e no distrito de Moraes de Almeida, onde é uma espécie de xerife há vários anos.

Ele é acusado de ter praticado inúmeras arbitrariedades e de não ter sido admoestado por seus superiores na PM, que sempre o tiveram como homem de total confiança.

Em um dossiê do integrante da Comissão Pastoral da Terra (CPT) na região, Adilson Prestes, em 2004 o então sargento Noia foi acusado de proteger grileiros de terras e madeireiros ilegais que atuam na região.

Prestes chegou a elaborar um detalhado dossiê sobre o crime organizado no oeste paraense, com nomes ilustres de empresários, políticos e autoridades, inclusive da PM, nos estados do Mato Grosso e Pará.

O nome de Noia aparece várias vezes, inclusive como autor de ameaças de morte a Prestes. Nenhuma autoridade do Pará levou a sério as denúncias, seja por omissão ou conivência, e o fato é que, no dia 3 de julho de 2004, Prestes foi assassinado com seis tiros na porta de sua casa, em Novo Progresso, quando chegava de motocicleta por dois homens que o aguardavam em um moto, na rua.

DENÚNCIA À ONU

Prestes, que denunciava crimes ambientais e invasão de terras indígenas por grandes grupos econômicos de fora do Estado, chegou a ser chamado de “o Chico Mendes do Pará”, em reportagem do jornal O Globo.

O crime, porém, até hoje, continua impune. O processo, que aponta um certo fazendeiro conhecido por José Paulo como suposto mandante, está engavetado na justiça.

A irmã da vítima, Ivanilde Prestes, denunciou o caso à Organização das Nações Unidas (ONU), setor de Direitos Humanos.O promotor de justiça do Pará, Arnaldo Azevedo, num relatório sigiloso, comprovou as denúncias feitas por Adilson Prestes, pedindo que fosse aberta investigação. O pedido foi ignorado.

(Diário do Pará)

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