Uma longa fila se formava na noite de ontem na calçada da Escola Estadual Maria Rosa Gattorno, no Guamá, à espera do amanhecer para se garantir a matrículas escolares.

A procura pelo estabelecimento começou ainda pela manhã e, às 21h, sessenta pessoas já formavam fila.Mesmo com a chuva, o frio e o perigo da madrugada, o ambulante Antônio Torres e a esposa Selma, que chegaram logo nas primeiras horas do domingo, não quiseram perder a chance de conseguir vaga para as filhas gêmeas de 5 anos.

“Cheguei aqui às 7h da manhã. Trouxemos cadeira e café para passar a noite. Não tem outra escola aqui com disponibilidade de vaga, por isso esse sufoco”, justificava o pai.

O cartaz na parede do lado de fora da escola, localizada na rua Augusto Correa, esquina com a Barão de Igarapé-Miri, divulgava que, do 1º ao 5º ano (antiga alfabetização a 4ª série), 198 vagas seriam abertas para novos alunos - a partir dos 6 anos de idade, ou que completasse a idade mínima até o primeiro trimestre do ano.

Elas estão divididas para as séries. No caso do 1º ano, são 125 vagas, onde a procura é maior. O cartaz avisava: “As senhas para o 1º ano serão distribuídas no dia 26.01.

Para as demais séries, no dia 27.01”. “Ainda corremos o risco de não conseguir por causa da idade da minha filha”, dizia o pedreiro Gustavo Honorato. “Mas essa é a minha única chance. Nas outras escolas, nem vaga tem”.

A dificuldade de conseguir uma vaga em escola pública para o ensino infantil no Guamá, assim como em outros, é reclamação comum para aquela comunidade.

A dona de casa Roseli dos Santos mandou o filho mais velho entrar na fila no início da tarde. Ela, que precisava cuidar dos afazeres domésticos, mandou o filho para que também lutasse pela sua vaga. 

Roseli lembra que também já estudou nessa escola e que antes não era essa a situação. “Agora, como a procura é maior e aqui não tem muita opção para quem não pode pagar escola, o único jeito é dormir nessa fila. Amanhã de manhã, muita gente vai aparecer. Na lista, sou a número 54 e espero conseguir”.

(Diário do Pará)

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