Nas inúmeras tentativas humanas de prever o futuro, a ciência prova que uma parte do destino das pessoas pode ser descoberto de antemão.
Os famosos testes de DNA, popularmente conhecidos por revelar se o individuo é ou não o pai da criança, são os mesmos que, ao longo dos anos, a partir de avanços tecnológicos, são capazes de diagnosticar, antecipadamente, 2,2 mil doenças, entre câncer a intolerância a lactose.
Com apenas uma gota de sangue, coletado em uma clínica particular, especialistas analisam o ácido desoxirribonucleico (DNA). A molécula contém todas as informações referentes a cada ser humano.
Quando o DNA sofre alterações (mutações), passa a ter tendências a desenvolver alguma doença, rapidamente revelada pelo teste genético.
Em Belém, a média de preço dos testes gira em torno de R$600. Segundo a doutora em genética e biologia molecular da Universidade do Estado do Pará, Patricia Lima, o Brasil vem se especializando nesse tipo de diagnostico.
“Existem laboratórios particulares no Brasil que fazem. Não são tantos. Eles fazem uma triagem. Eles identificam a predisposição ao câncer de mama, doença de Alzheimer, predisposição para algumas doenças cardíacas, doenças celíaca, que é a intolerância ao glúten, intolerância a lactose, atrofia muscular espinhal, em que a pessoa pode andar de cadeira de rodas, perde o controle dos movimentos...’’, explica.
As doenças detectadas são classificadas como monogênicas ou genéticas complexas. A doutora explica a diferença. “As monogênicas são de caráter puramente hereditário. Se a pessoa tem uma alteração num determinado gene, este teste vai identificar se ela vai desenvolver a doença em algum período da vida. Já as doenças genéticas complexas não dependem unicamente de uma alteração no DNA. Tem alteração no DNA e a interação de outros fatores, que podem ser o estilo de vida, alimentação, ambiente que ela vive. Nesse caso, o teste identifica a mutação, mas não necessariamente pode vir a desenvolver a doença’’.
Os resultados são classificados como positivos, não informativos, negativos, negativos verdadeiros. Há uma série de variações neles. Ou seja, a pessoa pode ter predisposição a uma doença, mas não é 100% de certeza que a terá. Por isso, os testes também são chamados de genéticos preditivos. “Ele vai identificar o fator de risco. Dar uma porcentagem de 10 a 20% a mais de chance de desenvolver a doença’’, diz Patricia.
A especialista cita o caso da atriz Angelina Jolie, que removeu os seios após descobrir predisposição genética ao câncer de mama. Para ela, é necessário avaliar quando há necessidade de realizar o teste.
“Foi um caso típico de câncer na família, genética complexa, tanto que quando ela identificou a mutação, tinha 80% a mais de chance de desenvolver o câncer, o risco dela era maior”.
ÉTICA
Um dos assuntos discutidos entre os médicos é o fato de que nem todas as doenças diagnosticadas se desenvolverão. Quando o resultado chega ao paciente, muitos sofrem por antecipação.
“Qual seria a vantagem de você saber que tem câncer? Ou o mal de Alzheimer. Ainda não tem cura. A questão atual é essa questão da ética. Tanto que na sociedade brasileira de genética clínica, eles têm uma diretriz que recomenda que esses testes sejam por procura pessoal. A hora que a pessoa quiser saber, ela vai lá e procura o teste’’.
(Diário do Pará)
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