Em Marabá já foram registrados 31 casos de leishmaniose em humanos, sendo 30 casos curados e um evoluiu a óbito, no período de janeiro a abril deste ano. Em 2016 foram registrados 86 casos da leishmaniose visceral em humanos. Nos últimos três anos já são mais de 120 casos da doença, que pode levar à morte.

De acordo com a Coordenadora de vigilância epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde, Fernanda Miranda, as ações da SMS estão focadas na educação em saúde, orientando a população sobre as medidas de controle da doença, com o apoio dos agentes de endemias.

Além disso, Fernanda informa que a SMS fez um levantamento entomológico (informações obtidas através do estudo dos insetos) para direcionar as atividades nos Bairros onde há maior incidência do vetor, para então dar início a borrifação nas casas ainda este mês. “A gente tem trabalhado também com a secretaria de urbanismo quando a gente repassa as localidades prioritárias pra eles fazerem o manejamento ambiental, que é a intensificação da limpeza nesses locais”, ressalta Fernanda.

Os bairros com maiores incidências de contaminação humana são o São Félix, Liberdade, Folha 06, folha 16 e no Km 07. A orientação geral para a população é cuidar da limpeza de seus quintais. “O morador tem que estar consciente que ele tem que fazer a limpeza do quintal, porque não adianta limpar as áreas públicas se a região intra e peridomiciliar não está limpo. A gente precisa muito do apoio da população nessa parte”, alerta a coordenadora.

SINTOMAS

Os sintomas da leishmaniose visceral são febre irregular prolongada, anemia, indisposição, palidez da pele e ou das mucosas, falta de apetite, perda de peso, inchaço do abdômen devido ao aumento do fígado e do baço. “É uma doença com alto grau de letalidade e por isso a gente vem apostando na orientação da população para que ela fique ciente dos sintomas e possa procurar os serviços de saúde início”, ressalta Fernanda.

CANINOS

A Cabeleireira Abigail Sousa, 35 anos, perdeu 3 cachorros em sua residência, contaminados pela Leishmaniose. Babaloo, Odim e a Bela não resistiram à doença e morreram no final do ano passado. “Vi que eles foram emagrecendo, estavam com uma feridinha na ponta do nariz e da orelha. Fui no zoonoses, fiz o teste rápido e deu positivo. Comecei o tratamento com um deles, mas infelizmente não teve jeito”, conta Abigail.

Com receio da contaminação humana e buscando amenizar o surto em cães do seu bairro, Abigail e uma comissão de moradores do Belo Horizonte tentam ajudar como podem. Ela tem mais três cães em casa e cuida para eles não se contaminarem. “A gente vê algum cachorro na rua e pega com o nosso carro mesmo, leva no zoonozes, porque pode passar para o ser humano. Muita gente sofrendo como eu, como se tivesse perdido um filho”, disse a cabelereira.

MINISTÉRIO PÚBLICO

Após reunião com o prefeito de Marabá, Sebastião Miranda, e as promotoras Mayanna Queiroz e Josélia de Barros Lopes, da 8ª Promotoria de Justiça, no último dia 18 de abril, A 6ª Promotoria de Justiça de Marabá instaurou procedimento administrativo para acompanhar e fiscalizar o cumprimento dos termos de uma ação civil pública ajuizada para combate à leishmaniose na cidade, caso necessárias medidas judiciais cabíveis ao final do procedimento.

O prefeito informou que pretende firmar parceria com o Exército Brasileiro para realização de trabalho intenso para captura do mosquito, com o acompanhamento de agentes de saúde que são poucos na cidade.

O prefeito ainda se comprometeu junto ao Ministério Público a dar maior atenção para a doença. A epidemia foi alertada há 10 anos pela atual administração do Centro de Controle de Zoonoses, mas não recebeu atenção por parte do município e o resultado hoje é alarmante.

(Jéssika Ribeiro/Diário do Pará)

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