A região de Paragominas é um polo de produção de grãos promissor. A cada ano, crescem as áreas de cultivos, principalmente nas culturas de soja e milho. Em função do clima da região, no entanto, os produtores encontram dificuldades para obter uma segunda safra no ano, a chamada “safrinha”. Uma alternativa ao problema é a adoção de um cultivo de ciclo mais curto, como o feijão-caupi, para ser plantado na sequência à colheita da safra principal. 

“Plantar milho em abril, por exemplo, eu considero um risco altíssimo, pois com as chuvas escassas não dá tempo para o grão encher”, avalia o engenheiro agrônomo Oduvaldo Oliveira, do escritório da Emater em Dom Eliseu. A cultura do feijão como alternativa foi apresentada pela Embrapa Amazônia Oriental na Agroshow, evento de negócios e exposição de tecnologias que ocorreu mês passado em Paragominas. “Dependendo da variedade, ele pode ser colhido com 65 dias”, afirma o pesquisador Francisco Freire. O período é bem inferior ao do milho, que pode exigir mais de 100 dias para a maturação. 

Direto do Paraná, os produtores Adriano Borilli e seu pai, Vivaldino Borilli, estiveram na Agroshow para buscar informações sobre as seis cultivares de feijão-caupi que a Embrapa apresentou no evento. Eles pretendem ingressar na produção do grão em uma propriedade em Paragominas. Estabelecidos há 9 anos no município, os Borillis se dedicavam somente à pecuária até 2 anos atrás, quando então passaram a combinar a rotação de cultivos com pastagem na mesma área. “O feijão-caupi vai entrar nesse sistema de integração lavoura e pecuária”, afirma Adriano. Para tanto, eles plantaram 15 hectares neste ano para produção de sementes.

QUALIDADE

A aposta dos produtores tem fundamento. De acordo com o pesquisador Francisco Freire, o Pará é um grande importador de feijão de outras regiões do País e os produtores locais poderiam dar conta dessa demanda ao plantá-lo na sucessão da colheita da soja ou do milho. Ele cita o caso do Mato Grosso como um exemplo. Sem tradição no consumo ou na produção de feijão-caupi, o Estado se tornou um grande produtor do grão. “Havendo qualidade e regularidade no fornecimento do produto, encontra-se mercado”, afirma o pesquisador.

(Diário do Pará)

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