Desde que ele morreu, tem sido muito difícil. Tudo me lembra ele. Sinto muita saudade”, desabafa, emocionada, Sandra Nunes, 70, mãe de Mário Jorge da Conceição Nunes, sargento da Polícia Militar, assassinado aos 48 anos, no dia 8 de janeiro deste ano. Ele morreu após ser baleado durante um assalto em uma parada de ônibus, na avenida Boulevard Castilho França, bairro Campina, em Belém, quando já não estava mais de serviço. O sargento estava fardado quando levou três tiros dos dois homens que também roubaram sua arma.

Além de conviver com a dor da perda do filho, Sandra luta há três meses para receber pensão do Estado. “Não me deram nenhum suporte. Não tivemos apoio da Polícia Militar, somente dos amigos do meu filho”, lamentou. Com problemas no coração e no sistema nervoso, a mãe recebe o apoio dos outros quatro filhos e amigos de farda de Mário. Desde a tragédia, ela mora com um dos filhos, no bairro do Icuí-Guajará, em Ananindeua.

Mário era solteiro, não tinha filhos e morava com a mãe, no Jurunas. Tinha 21 anos de corporação e dois meses antes de morrer havia sido promovido a 3º sargento. Como única dependente e herdeira de Mário, a mãe recebe o salário do filho, mas o auxílio-alimentação foi cortado. “Nosso receio é que a qualquer momento ela perca o que ele recebia, porque ela recebe como se ele ainda estivesse vivo”, disse um dos filhos.

Segundo o irmão do sargento Mário, a família esbarra em muitas burocracias dentro da PM, entre elas documentos exigidos que somente o órgão pode emitir. “Estamos tentando solicitar essa pensão há três meses, o que é direito dela”, disse. O inquérito para investigar o crime foi instaurado, mas até o momento ninguém foi preso.

OUTRO CASO

O ex-soldado Rayrisson Oliveira, 29, busca há um ano na Justiça o benefício de interiorização. Quando entrou para a PM em 2014, foi lotado para Tailândia, nordeste paraense. Nas folgas, visitava os dois filhos, em Ananindeua. Quando buscava um deles na casa da mãe, em 2015, foi surpreendido com dois tiros nas costas. Ele diz que o alvo era um amigo do seu irmão que estava próximo e morreu também baleado. Os tiros atingiram pulmão e coluna, que o deixaram paraplégico.

(Michelle Daniel/Diário do Pará)

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