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Correspondências de estudantes de Capanema e martírio na educação

“Olá, me chamo Thaís e há alguns anos eu estudo na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Dom João VI. Gostaria de descrever a situação de extrema precariedade a que somos submetidos a viver”. O apelo de quem já espera há cerca de cinco anos pela r

“Olá, me chamo Thaís e há alguns anos eu estudo na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Dom João VI. Gostaria de descrever a situação de extrema precariedade a que somos submetidos a viver”. O apelo de quem já espera há cerca de cinco anos pela reforma de uma escola chegou do município de Capanema, nordeste do Pará, através de carta. Sem saber a quem mais recorrer, cerca de 30 alunos da unidade de ensino encaminharam correspondências à redação do DIÁRIO para relatar as dificuldades que enfrentam diariamente para conseguir estudar.

Veja mais imagens da escola

A autora, a estudante Thaís de Sousa Maciel, continua a carta explicando como a precariedade das condições de estudo se agravaram na escola. Ela conta que, há cerca de cinco anos, os alunos estudavam no prédio próprio da Dom João VI. Porém, problemas nas fiações elétricas antigas começaram a oferecer risco de incêndio ao prédio.

Com isso, os alunos foram transferidos para um prédio alugado, instalado em outro bairro da cidade, para que a escola fosse reformada. O problema é que até hoje a reforma não foi sequer iniciada e os alunos já começam a sentir os efeitos da falta de estrutura também do prédio alugado. “No local em que estudamos, a maioria dos banheiros não funciona e em algumas salas o calor é insuportável”, descreve, em outro trecho do relato.


Prédio alugado precário. O outro, original, em ruínas

Apesar das condições precárias do prédio onde funciona a escola hoje chamarem a atenção, a situação do prédio original da Dom João VI é alarmante. Uma placa instalada em frente à escola informa sobre obras de reforma e readequação, que teriam iniciado em 23 de setembro de 2016. O prazo para a conclusão, de 180 dias, já encerrou, porém, o prédio continua abandonado e não se vê qualquer indício de obra.

Sem nenhuma interdição, o local pode ser acessado normalmente pelo portão da frente. Ao adentrar o espaço, a sensação é de se visitar um prédio em ruínas. A escola está completamente destelhada e tomada pelo mato. Há restos de telhas e toras de madeira pelo chão, além de vidros quebrados.

]Por ter estudado no colégio por cinco anos e atuar como educador da mesma instituição já há 19 anos, o professor de inglês, Josimar Mesquita, não esconde a tristeza ao se deparar com a situação. “Tudo começou com problemas na parte elétrica. Era para ser apenas uma reforma e já estamos há quase cinco anos atuando em um prédio alugado, enquanto esse aqui vira ruína”, lamentou.

Cerca de 300 escolas esperam por reformas

O DIÁRIO teve acesso a uma planilha elaborada pela Diretoria de Recursos Técnicos e Imobiliários (DRTI), vinculada diretamente ao gabinete da Secretaria de Educação do Estado (Seduc). Nela, a confirmação de várias escolas sem perspectivas sequer de estarem na lista de reformas ou até mesmo da construção de outras, nas cidades do interior do Estado e capital.

A Escola Dom João VI, por exemplo, está à espera de uma proposta da prefeitura. Consta como convênio, dentro do programa Pará Sustentável. A própria Seduc admite, através de sua assessoria de comunicação, que o projeto de reforma do prédio-sede da Escola Estadual D. João VI foi suspenso, mas garantiu que as obras serão licitadas em breve. A assessoria não deu prazos, no entanto.

SITUAÇÃO COMUM

Ao analisar o documento “Planilha de Obras DRTI”, o DIÁRIO encontrou aproximadamente 300 escolas com situações pendentes em reformas. As justificativas são variadas. Alguns projetos sequer foram elaborados, em outros está em fase de licitação, ou elaboração de orçamento, e na maioria dos casos as obras estão simplesmente paralisadas.

Mas alguns casos chamam a atenção, como a escola Dom Luiz de Moura Palha, em Xinguara, que passou por uma reforma completa. O status da obra apresenta a seguinte mensagem: aguardando inauguração. Ou seja, o prédio foi totalmente remodelado, equipado, mas não está, por algum motivo, à disposição dos estudantes da cidade do sudeste do Estado.

Na sala de aula do prédio alugado, estudantes convivem com pichações e lajotas quebradas (Foto: Fernando Araújo)

A panela que deveria preparar a merenda escolar serve para aparar vazamento (Foto: Fernando Araújo)

Do prédio original da escola, só restaram as paredes (Foto: Fernando Araújo)

De banheiro interditado a falta de merenda: ir às aulas virou sacrifício

Na manhã da última sexta-feira (27), uma breve circulada pelo prédio foi suficiente para a reportagem do DIÁRIO perceber o que levou 30 estudantes a apelarem por melhorias. Em um dos bebedouros do piso térreo da escola, uma panela precisa ser colocada para aparar a água que vaza. Na maioria das salas de aula, o calor é incômodo até mesmo pela manhã, já que os aparelhos de ar condicionado não funcionam e há ventiladores até mesmo sem paletas.

Os banheiros ficam interditados porque o forro já começou a ‘desabar’. O prédio não dispõe de quadra para a realização de aulas de educação física. Os alunos relatam dificuldades até mesmo com a alimentação. “Muitas vezes, as aulas chegam a ser suspensas, por não ter merenda”, denuncia, também em carta, a estudante Jade Maria Duarte Pinheiro.

O prédio alugado onde funciona a instituição atualmente teria sido projetado para o ensino infantil. Porém, a Dom João VI atua com o ensino fundamental II – do 6º ao 9º ano –, com o ensino médio e ainda com a Educação de Jovens e Adultos (EJA) no período da noite. Ao todo, são 1.035 alunos que estudam no local.

PREJUÍZO

Apesar de não ser um dos alunos que escreveu as cartas, o estudante do 3º ano do ensino médio Isaque Antônio Araújo revela bem a realidade já estampada nas correspondências enviadas por seus colegas a Belém. Ele não tem dúvidas de que a falta de estrutura do prédio prejudica o aprendizado. “Os professores desempenham um bom trabalho, mas, com certeza, para ter uma educação boa, o ambiente também influencia bastante”.

(Cintia Magno/Diário do Pará)

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