Depois de vários meses espalhados pelo Centro Comercial de Belém, principalmente na Praça do Pescador, no Ver-o-Peso, os refugiados venezuelanos foram remanejados para um abrigo, no bairro do Marco. Eles estão na capital fugindo da crise humanitária de seu País. A ação foi feita pelo Governo do Estado, na tarde desta quinta-feira, (18), sem resistências. A visita do Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) foi o motivo do remanejamento dos índios da etnia Warao para um local adequado.

Apesar da acolhida tardia, outros pontos estão sendo cobrados do Governo do Estado e da Prefeitura de Belém, referentes aos projetos que promovam condições humanitárias aos refugiados. Na manhã de ontem, os integrantes da CNDH e representantes de organizações convidadas, fizeram uma visita à região do Ver-o-Peso para verificar as condições que os imigrantes estiveram na capital.

E a impressão não foi das melhores. O procurador federal Felipe Palha lembra que o Ministério Público Federal tem acompanhado o caso desde 2017. Assim, foram emitidas recomendações para vários órgãos. “Avaliamos a visita do conselho positiva. Tanto que, quando as autoridades ficaram sabendo, retiraram os imigrantes da rua”, observou.

A comissão afirma que não houve resistências na ação. O procurador lembra que há uma preocupação com a xenofobia, principalmente com as crianças. “A situação deles é muito crítica, e queremos fazer ações para alertar os brasileiros, evitando esses problemas”, diz Felipe.

(Foto: Maycon Nunes/Diário do Pará)

As visitas do CNDH iniciaram no último dia 18 a segue até dia 26, com visitas aos estados do Pará, Amazonas e Roraima. O conselheiro João Akira Omoto explica que o objetivo é foi fazer visitas aos abrigos onde os imigrantes estão alojados, reuniões com a sociedade civil e agências internacionais que atuam no tema e com autoridades locais, nas cidades de Manaus, Belém, Santarém, Boa Vista e Pacaraima.

ABRIGO

Foram aproximadamente 6 meses de espera por um abrigo adequado. Durante esse tempo, o DIÁRIO acompanhou o drama dos imigrantes indígenas da etnia Warao – a segunda maior da Venezuela – que estavam divididos em grupos, morando de forma improvisada no Mercado do Ver-o-Peso e em uma casa alugada por eles no bairro da Campina.

A rotina dos índios não foi fácil. Por vezes a reportagem se deparou com algumas mulheres com crianças pedindo esmolas no centro comercial de Belém, prática que se repetia todos os dias desde que chegaram à capital buscando uma vida melhor. O grupo estava “morando” no mercado improvisava os alojamentos.

As redes eram atadas entre uma armação de ferro e outra, um espaço apertado e frio. “Viemos em busca de abrigo e trabalho. O presidente Nicólas Maduro acabou com o nosso país. Lá não tem comida, só guerra. Muitos já morreram”, contou o Warao Juan Carlos Moya, de 23 anos, um dos poucos índios que conversam em português e foram alfabetizados.

(Roberta Paraense e Michelle Daniel/Diário do Pará)

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