Para não tropeçar ou cair, a bengala do seu Raimundo da Silva, de 56 anos, deficiente visual, tem sido a fiel orientadora no dia a dia. Afinal de contas, as dificuldades de acesso, seja qual for o lugar de Belém, são inúmeras.

A reportagem acompanhou o trajeto de Raimundo pela avenida Almirante Barroso, desde o cruzamento com a avenida Júlio César até a avenida 25 de setembro. Ele enfrentou buracos, poças d’água, lixo e declives pelo caminho.

“As calçadas são os maiores problemas que enfrento quando saio de casa. Têm muitas falhas, buracos. Na época de chuva piora, acabo enfiando os pés na lama”. “Às vezes tem ‘orelhões’ bem no meio, lixo. O jeito é desviar e andar no meio da rua”, conta.

Como não bastasse às limitações de locomoção, as pessoas que possuem algum tipo de deficiência se deparam com calçadas cheias de buracos, deterioradas e sem continuação. Algumas das rampas que existem nas extremidades das faixas e nas esquinas das ruas estão quebradas ou ocupadas por veículos estacionados e bueiros abertos oferecem riscos.

Em frente ao prédio da Prefeitura de Belém, na Praça Dom Pedro II, a calçada está toda deteriorada. “É impossível andar direito por aqui. Por pouco eu não torci meu pé numa dessas pedrinhas soltas”, comentou a aposentada Auxiliadora Tavares, de 72 anos.

Praça Dom Pedro II, em frente à prefeitura, retrata bem os riscos que os pedestres enfrentam nas ruas de Belém. (Foto: Marco Santos/Diário do Pará)

APPD

Amaury Filho, diretor da Associação Paraense das Pessoas com Deficiência (APPD), afirma que o problema é comum para todos. “Belém não é acessível”, constata. Ironicamente, a rua onde está localizada a Associação, na passagem Alberto Engelhard, no bairro de São Brás, possui os mesmos problemas que a maioria das vias da capital. “É o retrato fiel do abandono que Belém se encontra. Calçadas quebradas e cheias de obstáculos”, lembra Amaury Filho. 

“É muito discurso para pouca ação. E recursos não faltam”, reclama o diretor, sobre a ausência do poder público.

ONDE BUSCAR AJUDA

Em caso de acidentes pelas ruas de Belém, decorrentes da falta de acessibilidade, a orientação é procurar a APPD e formalizar uma reclamação, para que sejam tomadas as medidas cabíveis.

(Michelle Daniel/Diário do Pará)

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