Não vai demorar para a população da capital paraense ver degringolar de vez a relação entre necessidade de compra de imóvel e capacidade financeira para realizar o sonho da casa própria. A projeção é de Alex Dias Carvalho, presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará (Sinduscon), entidade que ontem lançou o Censo Imobiliário de Belém e Ananindeua, que mapeia e classifica a oferta vertical de mercado, desenvolvido pela empresa paranaense Bureau de Inteligência Corporativa (Brain). O censo faz a identificação, classificação, análise dos empreendimentos residenciais e comerciais, avaliações de mercado residencial nos aspectos socioeconômico e demográfico, além de estudo por tipologia, padrões e regiões. Algo semelhante foi feito pela última vez há 18 anos, mas Carvalho afirma que a partir de agora esse estudo será contínuo. “Pegamos uma iniciativa da Câmara Brasileira da Indústria e Construção, em parceria com o Senai nacional. Achamos que seria bastante interessante, até pelo lapso temporal e indubitável crescimento do mercado na região metropolitana”, disse. Ele afirma que o setor sofreu um crescimento abrupto seguido de derrocada em igual ou pior proporção, mas que agora, com os primeiros sinais da retomada da economia, deverá haver uma retomada desse crescimento – e isso envolve compra, venda, aluguel, lançamento de novos empreendimentos e tudo o que mais se refere ao tema. Ele admite, no entanto, que ainda há uma oferta significativa, principalmente no âmbito comercial, maior que a demanda. “Mas, quando se passa a pensar no segmento habitacional, pensa-se que pessoas nascem, formam-se, casam, isso sempre gera demanda. Tanto que Belém deve apresentar, em curto ou médio período, uma escassez de imóveis, mas não diretamente proporcional à concretização de negócios.” O censo deve servir ainda para orientar o mercado a apostar em opções de fato vendáveis e que estejam de acordo com a realidade populacional, bem como sugerir ao setor público onde estão os entraves que dificultam ou impedem a concretização de novos negócios. Para o Sinduscon, a conclusão que mais chamou a atenção no estudo foi justamente a incompatibilidade que deve se tornar realmente um problema entre oferta e capacidade de compra. “Vão faltar imóveis que as pessoas possam comprar. Aí alguém vai dizer que tem uma unidade pronta há dois anos que não consegue vender. Mas é preciso lembrar que o nível de exigência para compra ou financiamento de uma unidade pronta é muito maior do que o que se exige para algo ainda na planta”, explica Carvalho. Carol Menezes/Diário do Pará

MAIS ACESSADAS