Realizar um governo desenvolvimentista baseado em um programa de 20 metas que privilegia avaliações qualitativas que façam o país efetivamente funcionar, privilegiando o fortalecimento da economia e aperfeiçoando a arcabouço jurídico do Brasil com uma Reforma Constitucional. 

Em síntese, é a proposta apresentada pelo economista carioca Paulo Rabello, 69 anos, pré-candidato à presidência da República pelo Partido Social Cristão (PSC), que esteve em Belém esta semana a convite da Associação Comercial do Pará (ACP) e do Conjove para cumprir uma agenda de palestras, compromissos políticos e visitas Rabello já foi presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ele afirma que num eventual governo dará destaque para a segurança pública, estrutura fiscal e eficiente da economia e revisão constitucional. 

Em relação ao Pará, considera que o Estado é vital para o desenvolvimento da Amazônia, mas que necessita de um programa de aceleração de obras estruturantes. Entre elas, aeroportos, hidrovias, rodovias e banda larga. Paulo Rabello tem como principal articulador político no Estado o vice-governador Zequinha Marinho (PSC), que vai disputar uma das duas vagas ao senado. Confira a entrevista exclusiva concedida ao DIÁRIO.

Como o PSC está organizado nacionalmente? 
O cálculo que o presidente nacional do partido, pastor Everaldo, faz é que o PSC triplique o número de deputados federais e estaduais. Hoje temos nove cadeiras na Câmara Federal e 38 nas câmaras estaduais pelo país e a expectativa é que esse número suba para 30 deputados federais e ultrapasse 100 deputados estaduais. E o crescimento da nossa candidatura a nível nacional será fundamental para essa performance, inclusive para eleição de senadores também. 

E aqui no Pará? Que tamanho o PSC tem hoje?
O Pará é um dos Estados onde nossa legenda está mais bem estruturada e organizada, graças ao esforço e o talento do nosso líder maior aqui no Pará que é o vice-governador Zequinha Marinho, que dispensa apresentações. Ele organizou as lideranças regionais de forma que parece estar em vários locais ao mesmo tempo fazendo com que o partido cresça e vibre muito aqui. Hoje aqui no Pará temos uma deputada federal, que é a Júlia Marinho; e um estadual, que é o Jacques Neves e a nossa previsão é que essas duas bancadas aumentem significativamente ao final do pleito.

Qual o alinhamento político atual do PSC a nível nacional?
Hoje o deputado federal André Moura (PSC-SE) é o líder do governo no congresso, mas não somos uma legenda aderente a teses desse governo de transição. Nosso partido tem uma responsabilidade econômica e social em relação ao que ocorre no país e colabora nesse processo. Antes de assumir essa liderança o André Moura era relator da Comissão Especial de reforma tributária e isso dá uma dimensão do nível de compromisso que o PSC tem com as teses renovadoras do Brasil, incluindo aí a reforma trabalhista.

O PSC é identificado como uma legenda mais identificada com o segmento evangélico. Existe algum tipo de restrição para composição e alianças para as eleições deste ano?
Não, de forma alguma. Restrição zero! Somos um partido de princípios, de ficha limpa, e esse é um condicionamento positivo fundamental para futuras alianças e serão colocados na mesa para futuras composições, mas isso não impede que ocorram eventuais alianças. 

Qual a base programática que a sua candidatura apresentará ao país?
Apresentaremos aos brasileiros o Plano de 20 Metas que se inspira no ex-presidente Juscelino Kubitscheck que apresentou ao Brasil o Plano de 30 Metas, ou melhor, de 31 metas já que ele incluiu a construção de Brasília. Ao final do seu mandato ele teve a coragem e a humildade de fazer um balanço do cumprimento dessas metas, que não alcançaram 70%, mas fez uma conta justa e um mea culpa por tudo que não cumpriu e comemorou o que conseguiu honrar, como a superação da meta em energia, em estradas e na construção de uma indústria forte. Foi um grande presidente do seu tempo. Nosso plano de metas não busca resultados quantitativos, mas funcionais que façam o país funcionar, que possam destravar a economia e que aperfeiçoem as instituições. O país precisa reformar a Constituição de 1988 e ser atualizado juridicamente para dar mais segurança institucional nas mais diversas áreas. 

O que sua candidatura vai propor na área de segurança?
Temos um levantamento completo sobre o que fazer na área de inteligência nessa área, de garantia de propriedade tanto no campo quanto nas cidades, bem como a integridade física dos cidadãos, inclusive com prisão perpétua para aqueles que premeditadamente peguem numa arma e tirem a vida de seu semelhante. Os brasileiros precisam parar com esse comportamento agressivo e oneram o Estado brasileiro com a sua agressividade. As armas só precisam ser utilizadas em áreas específicas e onde a necessidade de autodefesa é primordial. Temos que desarmar nossos espíritos e armar a nossa polícia, principalmente de informações. Hoje temos uma boa polícia, mas que é mal remunerada e que não troca informações com outras polícias e com corporações que competem entre si. E isso precisa ser discutido e modificado urgentemente.

O país praticamente parou nas últimas semanas em razão do movimento paredistas dos caminhoneiros por todo país decorrente do aumento dos combustíveis. Como o senhor vê essa situação?
A greve dos caminhoneiros foi reação à escalada de aumento descontrolado no preço dos combustíveis por iniciativa da Petrobras, que errou feio porque não se sobe preços seguidamente, principalmente quando a empresa produz cada vez menos diesel nos últimos dois anos. É um erro inaceitável! Há algo de errado no suprimento do diesel e já entramos num segundo aspecto dessa situação: será que a Petrobras não tem a noção estratégica da produção desse suprimento para a estabilidade econômica do nosso país? Nesse sentido entra um terceiro aspecto que é o hospício tributário: os combustíveis no Brasil se transformaram numa fonte inesgotável de impostos, situação agravada nos últimos anos pelo governo. Não defendo subsídios, mas temos que desonerar e, ao mesmo tempo, aumentar o suprimento. É essa proposta que levei para a Câmara Federal quando apresentamos a nossa visão sobre esse movimento.

Na última eleição majoritária o vice-governador Zequinha Marinho foi eleito na chapa do governador Simão Jatene, mas foi isolado juntamente com o PSC na atual gestão, provocando um racha na base de apoio de Jatene. Como o senhor avalia esse quadro?
Concordo e endosso completamente o direcionamento tomado pelo vice-governador. Tanto Zequinha como o PSC são grandes e jamais poderiam aceitar essa situação. Apesar do atual governador tentar colocar Zequinha Marinho no esquecimento, o povo, que é quem mais importa, não esqueceu o vice-governador, muito pelo contrário. Pela sua respeitabilidade e credibilidade, Zequinha Marinho só cresceu politicamente no Pará, virou um gigante e vai ganhar com destaque uma das vagas ao Senado, indo para Brasília representar os legítimos interesses do Pará, que é um dos Estados que vai arrebentar em termos de desenvolvimento a partir de 2019 graças ao seu amadurecimento econômico, sobretudo na área de infraestrutura.

Qual será o caminho político que o PSC seguirá nas eleições deste ano no Pará?
Estamos avaliando os cenários. No caso do Pará, diferente de outros Estados, não teremos um nome para a disputa do governo, mas apenas para o senado. Apoiaremos candidaturas que estejam coerentes e aderentes ao nosso plano de governo e às nossas ideias.

(Luiz Flávio/Diário do Pará)

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