Foi no início da noite da última sexta-feira (8) que a passageira Maria dos Remédios Rodrigues dos Santos, de 37 anos, passou por uma situação que, até então, ela nunca imaginou que fosse vivenciar. Voltando para casa após mais um dia de trabalho, ela subiu em um ônibus expresso da linha Tenoné-Presidente Vargas e encarou o coletivo que logo ficou lotado.
"Eu me posicionei bem no meio do corredor, onde ficaria mais confortável pra mim. O trajeto seguia normalmente, até o momento em que um rapaz de mochila subiu já próximo de chegarmos na [avenida] Almirante Barroso", conta Maria.
Ela relembra que o homem ficou posicionado atrás dela, com a justificativa de que não conseguiria seguir adiante pelo corredor lotado. “Como estava cheio, até pedi para uma mulher, que estava sentada, segurar a mochila dele para não atrapalhar a passagem. É claro que eu nunca imaginei que tudo isso fosse acontecer.”
E conta quando tudo começou, “Eu senti ele se mexer, passávamos a [travessa] Mauriti. A princípio, eu pensei que poderia ser o sacudir do ônibus ou que fosse um engano meu, foi então que eu senti algo quente e gritei. Fiz um escândalo dentro do ônibus e vi a calça dele escura, suja e o órgão sexual dele enrijecido”.
DESAMPARADA
A gritaria chamou a atenção de um policial à paisana, que estava sentado no fim do coletivo. Ela conta que, apesar de ele não ter presenciado o acontecido, conseguiu sugerir que o homem da mochila e ela fossem à delegacia prestar esclarecimentos.
“Eu estava com muito medo de ir sozinha, não sei o que aquele rapaz poderia fazer. Minha amiga do trabalho desceu junto comigo e, graças a Deus, fomos acompanhadas do policial. Seguimos, eu e o suspeito, para a delegacia da Marambaia para registrar o boletim de ocorrência”, disse.
Chegando na delegacia, o procedimento policial se tornou um verdadeiro pesadelo. Ela diz que o delegado, que estava de plantão naquele dia, se recusou a registrar o boletim 'por falta de provas'.
"Ele me disse que chamou o rapaz em uma sala para fazer exames e não constatou nada. Por causa disso, decidiu que não iria fazer o registro. Saí de lá me sentindo um lixo. Além de me sentir desamparada pela justiça, nenhuma mulher que testemunhou o ato quis me ajudar", desabafa.
POLÍCIA RESPONDE
O DOL procurou a Polícia Civil para pedir esclarecimentos sobre o caso, que explicou que o acusado não foi autuado por assédio sexual devido a falta de provas. Veja a nota na íntegra:
"O delegado Ronaldo Hélio, que estava no plantão da seccional Marambaia, tomou as medidas necessárias para verificar na roupa do suspeito a existência de líquido espermático, mas não havia qualquer vestígio que confirmasse a versão apresentada pela vítima e que desse sustentação à acusação e à autuação do acusado pelo crime de assédio sexual. Por isso, ele não foi submetido ao procedimento".
E acrescentou que, nos casos em que a vítima sabe que passou por uma situação semelhante e não tem "provas", é recomendado apresentar testemunhas.
(Fernanda Palheta/DOL)
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