Por mais um domingo o tradicional arrastão do Arraial do Pavulagem tomou a avenida Presidente Vargas. O cortejo, organizado ao redor do boi-bumbá batizado de ‘Boi Pavulagem’, arrastou centenas de brincantes até a Praça da República, onde a manhã foi encerrada com um bonito show. 

Animadas pela sonoridade que ecoava dos tambores, as irmãs Lucenir da Fonseca, 55 anos, e Inalva Cardoso, 62 anos, dividiam as impressões sobre o cortejo. Lucenir já acompanha o Arrastão do Pavulagem há vários anos. Já Inalva experimentava a sensação pela primeira vez. “Estou achando tudo muito lindo, colorido”, apontou Inalva. “A cultura popular paraense é maravilhosa”, complementou Lucenir.

Se de fora o colorido das fitas e fantasias já encanta, imagina a partir do olhar do grande símbolo do arrastão, o Boi Pavulagem. Responsável por dar vida à fantasia do boi-bumbá, o comerciante Márcio Gomes, 40 anos, tem uma visão privilegiada da festa. “Eu vejo tudo de dentro. A gente faz tudo isso para levar alegria para o povo e é isso que nos motiva todos os anos”.

Parceria da Vale ajuda a manter a tradição do boi

Se em anos anteriores o arrastão correu o risco de nem acontecer por falta de recursos, em 2018 uma parceria com a Vale possibilitou que a tradição do mês de junho continuasse a tomar as ruas. O presidente do Instituto Arraial do Pavulagem, Alexandre Yuri, aponta que o apoio chegou em um momento em que eles já desanimavam. “Sem um patrocínio fica inviável de isso tudo acontecer, por isso a Vale foi de fundamental importância”, destacou. “Essa camisa azul que os integrantes do Arraial vestem não é apenas uma camisa, é a nossa identidade, junto com o chapéu de fitas”. O apoio da Vale garantiu a identidade visual do arrastão, assim como a realização das oficinas gratuitas que deverão ocorrer em agosto deste ano.“Esse ano nós não havíamos conseguido fazer as oficinas, mas, com o patrocínio, vamos poder realizá-las em agosto”, informou Alexandre. “Teremos oficinas de música e percussão, dança, pernas de pau. As oficinas são gratuitas e voltadas para todas as idades, desde crianças”.

ORGULHO

Com apenas 8 anos de idade, o pequeno Iury Micael já é veterano na ala dos cavalinhos do Arrastão. Ele já participa do cortejo desde 2014 e faz questão de repetir a brincadeira todos os anos. “É muito legal!”, justifica em poucas palavras.

Mãe de Iury, a auxiliar administrativa Priscila Lopes, 28 anos, conta que todo domingo de junho ela nem enfrenta trabalho para acordar o pequeno logo cedo. Ele mesmo ‘pula da cama’ cedo para participar dos arrastões. “São as crianças que vão levar para frente essa cultura popular. Então eu me orgulho muito dele fazer parte disso”.

(Cintia Magno/Diário do Pará)

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