Embora seja uma opção fácil para curtir o veraneio, já que está localizada a pouco mais de 20 km do centro da cidade, a ilha de Outeiro, na Grande Belém, tem atraído cada vez menos visitantes, de acordo com os moradores e comerciantes da região.  Apesar da beleza e da tranquilidade em algumas praias, a sujeira, assim como a insegurança e a falta de investimento do poder público no turismo local, tem feito os beleneneses darem preferência a outros destinos. “Ah, já foi bem melhor. Em outros anos, o mês de julho era cheio o tempo todo. Agora só dá gente aos domingos”, lamenta a garçonete Cleonice Rodrigues, 35, que trabalha em um bar no limite da Praia Grande com a Praia do Amor. Os lucros do bar, por exemplo, já não são os mesmo de anos anteriores. Os estabelecimentos sobrevivem apenas com o mínimo para continuar de portas abertas. “Acho que falta um projeto turístico que realmente valorize a ilha. Trazer hotel, banco, para cá. Conservar as praias. Tem muita gente que não vem porque não tem onde ficar”.ORLAO auxiliar-técnico José Araújo, 55, que é frequentador assíduo da ilha há anos, clama pela criação de uma orla na região. “Todo lugar tem, só aqui que não. Ah se o governo investisse...”, lamenta. Araújo acredita que a ilha está abandonada e sem preservação, o que acha uma pena. “Aqui é tão bonito, única praia dentro de Belém. Só falta ser valorizada”, garante.A promotora de eventos Bruna Sarmanho, 19, reclama de algumas praias que são tradicionalmente mais frequentadas pelos banhistas por acha-las muito sujas e bagunçadas. “Eu prefiro as áreas mais tranquilas, sem tumulto. É bem mais calmo e limpo, até a água fica melhor para tomar banho”, conta. Apesar dos problemas, a jovem recomenda a ilha que, segundo ela, costuma frequentar desde a infância. “A gente tem de valorizar o que é daqui. É um bom espaço e tem para todos os gostos, para quem gosta de agito e esportes, e para quem gosta de tranquilidade”, afirma. ESQUECIMENTOMas não são apenas os turistas que têm o que criticar sobre a ilha. Moradores fixos de Outeiro reclamam do descaso dos governantes e afirmam se sentirem esquecidos. “O prefeito não olha para cá. Nós também pagamos impostos, mas os nossos impostos nunca são investidos aqui, fica tudo para lá”, denuncia o pedreiro Junior ramos, 36, que há 13 anos habita o distrito. “Limpeza, policiamento, até bombeiros, só aparecem no período das férias. Somem no restante do ano”, alerta. Segundo ele, não é possível tirar uma selfie sequer em determinadas praias sem ter o celular roubado. “Quando chove, as ruas todas alagam. Aqui ninguém sabe o que é saneamento”, aponta o morador.

(Arthur Medeiros/ Diário do Pará)

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