A rápida vinda do candidato do PDT à presidência da República, Ciro Gomes, ao Pará, ontem, para a convenção do diretório estadual que anunciou seus candidatos para as Eleições 2018, foi permeada por incoerências. A começar pelo fato de que sua candidatura anda flertando com a esquerda depois de ser rejeitada pelo “centrão” (DEM, Solidariedade, PP, PRB e PR), que optou por Geraldo Alckmin, do PSDB, mas no Estado enalteceu Márcio Miranda (DEM), candidato do governador tucano Simão Jatene à sucessão como “opção de renovação e de mudança”.

Embora tenha chegado na madrugada, ele ficou menos de duas horas no ginásio do Sesi, em Ananindeua, onde foi realizado o evento, e seguiu direto para São Paulo: “A nação está machucada e precisa de cada um de nós. São 14 milhões de pessoas que amanhecem desempregadas no Brasil. Vamos lembrar que além disso são 32 milhões de pessoas empurradas à informalidade, correndo do ‘rapa’, humilhados de todo jeito. Nos últimos 12 meses foram 62,5 mil pessoas assassinadas e só oito em cada 100 são investigados, porque nem direito à Justiça o brasileiro tem”, discursou o presidenciável, na fala que encerrou a convenção.

Antes de subir ao palco ao lado de aliados locais, como o candidato a deputado federal Giovanni Queiroz, o candidato ao Senado Cel. Osmar Nascimento e os candidatos à reeleição pelo Legislativo estadual, Junior Hage e Miro Sanova, recebeu a imprensa para uma coletiva de menos de 15 minutos.

Não disse nem que sim nem que não sobre estar em busca do apoio da esquerda, declarou que sua mais recente fala sobre a soltura do ex-presidente Lula estar aliada à sua eleição foi retirada de contexto, e se irritou ao falar das decisões do juiz federal Sérgio Moro, porém sem citar nomes, relacionados ao solta-e-prende-e-manda-soltar do petista - mais ainda quando questionado se era mesmo ao magistrado que se referia.

“Sou candidato a presidente da República pelo PDT e tenho que ter um olho na eleição e um outro olho no dia seguinte”, comentou, sobre a busca por mais aliados para o primeiro turno.

Na semana passada, Ciro, em uma entrevista a uma rádio do Maranhão, criou duas novas polêmicas ao declarar que Lula “só tem chance de sair da cadeia se a gente assumir o poder” e ainda falar sobre “botar juiz para voltar para a caixinha dele, botar o Ministério Público para voltar para a caixinha dele e restaurar a autoridade do poder político”.

(Carol Menezes/Diário do Pará)

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