Cansados de esperar pelo poder público, moradores do bairro da Campina, em Belém, se uniram para melhorar a estrutura do bairro e pagaram reforma de calçada da rua General Gurjão. Segundo eles, a iniciativa é apenas a primeira de uma série de projetos para o bairro.

“Foi tudo uma contribuição de vizinhos, comerciantes, artistas, todo mundo que vive e convive com a Campina e que já está inconformado com o estado que as coisas estão”, explica o professor de artes Karlo Rômulo, 52 anos, que mora e trabalha em um ateliê do bairro. “Aqui tá tudo quebrado, sujo. Somos uma periferia central”, denuncia. 

Ele conta que, em um primeiro momento, serão 17 metros de calçada reformados mas que, em seguida, eles pretendem levar a reforma até o final da rua e depois fazer o mesmo com a calçada do outro lado. “Calçadas, paredes, locais adequados para jogar o lixo, tudo isso queremos revitalizar”, acrescenta.

Outra moradora, Mireille de Freitas, 46, que também está participando da ação, conta que o fato de o bairro ser abandonado pelo poder público aumentou o lixo e a depredação. “Decidimos não esperar mais”, comenta. O grupo conseguiu autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para realizar as obras, que exigiu apenas que as pedras de lioz que delimitam as calçadas fossem mantidas.

“Elas são tombadas individualmente então precisam ser preservadas, pois fazem parte da nossa história. Mas olha como elas estão, quebradas, soltas, algumas até soterradas, porque não tem fiscalização”, critica Mireille, reclamando especificamente dos carros que estacionam em cima das calçadas e danificam as pedras.

Por enquanto, as obras se concentram na rua General Gurjão, mas nem por isso são apenas os moradores dessa rua que contribuem. “Pessoas de outras ruas estão apoiando, mesmo que a reforma não seja na porta de sua casa, porque entende que essa é uma melhoria para o bairro, pois todos usamos esse espaço para circular”, continua Mireille.

(Arthur Medeiros/Diário do Pará)

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